Esta manhã, quem chegou à escola secundária Eça de Queirós, nos Olivais, em Lisboa, deparou-se inscrições de slogans racistas que terão sido pintadas durante a noite. As frases já foram entretanto apagadas e, curiosamente, pelos próprios alunos. Alguns estudantes juntaram-se e decidiram que as frases racistas em causa não tinham lugar na escola — um deles chegou mesmo a desabafar: “Sem apagar isto, eu recusava-me a entrar na escola”.
A história é contada por um dos professores da escola Eça de Queirós, Acúrcio Domingos, em depoimento citado na conta de Facebook oficial do agrupamento escolar. Isto depois de a diretora do agrupamento, Maria Eugénia Coelho, já ter contado esta sexta-feira de manhã à Rádio Observador que foram os próprios alunos que “de imediato, em grupos distintos, dirigiram-se à direção no sentido de serem eles próprios a tapar essas mensagens” e as ocultaram “orientados por um funcionário”.
Segundo o professor da escola, Acúrcio Domingos, o incómodo de um grupo de alunos “veio à baila” logo na “aula de Moral”, ainda de manhã.
Logo ali se desenhou um ataque solidário à investida racista, alinhavando-se, entre outras ideias, a disponibilidade dos alunos a ajudarem a tapar a ‘vergonha’, estampada na entrada da ‘nossa casa'”, refere o docente no depoimento.
Ao sair da escola, o professor deparou-se com uma “imagem poderosa”: a de “uma brigada de alunos, juntamente com o senhor Vítor” a “reduzir ao esquecimento, em plena luz do dia, o que os ignorantes gostariam de prolongar em tempo de trevas“.
Acúrcio Domingos diz ainda ter registado “os gestos expeditos” destes “pintores” improvisados enquanto ouvia um deles fazer o comentário já mencionado: “Sem apagar isto, eu recusava-me a entrar na escola”.