A peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, de Tiago Rodrigues, estreada em setembro último, em Guimarães, acaba de ser publicada em francês, numa edição de Les Solitaires Intempestifs, anunciou esta quinta-feira o autor.
Devíamos agora estar em digressão em França com “Catarina e a beleza de matar fascistas”. O espetáculo não pode viajar, mas a peça já está disponível em francês, publicada por Les Solitaires Intempestifs”, escreveu Tiago Rodrigues, na sua página da rede social Facebook.
“Catarina et la beauté de tuer des fascistes” é o título da publicação em França, numa tradução de Thomas Resendes.
A peça tinha apresentação prevista, no Théâtre dès Bouffes du Nord, em Paris, nos dias 26 de novembro a 16 de dezembro, integrada no Festival d’Automne, que se encontra suspenso, devido ao confinamento decretado em França, para contenção da epidemia de Covid-19, que vigora até final de novembro, segundo o site do festival.
O programa incluía ainda reposições de outras peças de Tiago Rodrigues, diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, como “Sopro”, que foi apresentada em outubro último, e “By Heart”, programada para ocorrer entre 1 e 19 de dezembro, e que agora se encontra com as representações dependentes do prolongamento ou não das medidas de contenção para o novo coronavírus, em França.
“Catarina e a beleza de matar fascistas” é “uma peça que nos coloca num contexto imaginário, ficcionado, para pensarmos sobre as nossas vidas e sobre o que poderá ser o futuro, se não tivermos cuidado e não refletirmos e agirmos no presente”, referiu Tiago Rodrigues em setembro, numa apresentação da peça à comunicação social, antes da estreia em Guimarães.
Para o dramaturgo e encenador, trata-se de uma “abordagem muito clara à ameaça da ascensão de populismos de extrema-direita, de tendência fascista, para não lhe chamar efetivamente fascistas”.
Tiago Rodrigues: “Populismo de extrema-direita é tratado como se tivesse lugar à mesa da democracia”
A peça, sublinhou na altura, alerta para a premência de a sociedade se questionar sobre a forma como a democracia se pode relacionar “com essa ameaça que não é democrática, que é mesmo antidemocrática”.
Com texto e encenação de Tiago Rodrigues, esta produção do Teatro Nacional D. Maria II conta com um corpo de oito atores portugueses, composto por António Fonseca, Beatriz Maia, Isabel Abreu, Marco Mendonça, Pedro Gil, Romeu Costa, Rui M. Silva e Sara Barros Leitão.
A cenografia é de F. Ribeiro, os figurinos são assinados por José António Tenente, o desenho de luz de Nuno Meira e a sonoplastia está a cargo de Pedro Costa.
O Teatro Nacional D. Maria II, que se encontrava em digressão pela Europa desde setembro, conseguiu “escapar” às restrições por causa da pandemia, encontrando mesmo públicos “ávidos da experiência teatral”, disse à Lusa o diretor artístico, Tiago Rodrigues, quando chegou ao Luxemburgo, no final de outubro.
Tiago Rodrigues: “Fazer teatro sem grandes condições é que é capitalismo selvagem”
A “embaixada teatral” portuguesa, formada por 18 atores, técnicos e produtores, esteve em cena no Luxemburgo para apresentar os espetáculos “By Heart”, no Théâtre des Capucins, nos dias 28 e 29 de outubro, e “Sopro”, no Grand Théâtre, dias 29 e 30, após ter passado pelo festival do outono, em França, pela Bélgica e pela Suíça.