O Novo Banco anunciou um prejuízo consolidado de 853,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que traduz um agravamento de quase 50% face ao registado há um ano atrás, que se traduz numa degradação dos rácios de capital.
A instituição atribui a evolução negativa dos resultados a vários fatores, com destaque para o impacto das imparidades e provisões feitas no valor de 727 milhões de euros para refletir a descontinuação dos negócios em Espanha, mas também o agravamento de incumprimentos de clientes. A penalizar os resultados estão ainda uma imparidade adicional de 187 milhões de euros constituída para responder a riscos de crédito resultantes da pandemia e o reconhecimento de uma perda de 260,6 milhões de euros no valor dos fundos de reestruturação.
Em plena discussão da proposta de Orçamento do Estado para 2021, as injeções financeiras no Novo Banco são um dos temas mais polémicos. O comunicado da instituição liderada por António Ramalho refere apenas que montante de compensação ao solicitar com referência a 2020, terá em conta as perdas incorridas nos ativos cobertos pelo Mecanismo de Capitalização Contingente bem como as condições mínimas de capital aplicáveis no final de 2020 ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente.
A proposta do OE prevê uma transferência de 476 milhões de euros a realizar pelo Fundo de Resolução, mas sem financiamento do Estado ao contrário do que tem sucedido. No entanto, os partidos da oposição tèm dúvidas sobre este valor e o Conselho de Finanças Pública já avisou que esta injeção, que pode ir até aos 912 milhões de euros, é um dos riscos do próximo Orçamento do Estado. Na primeira metade do ano, o banco tinha sinalizado necessidades de capital de 176 milhões de euros, mas a conta final só fica fechada com o apuramento dos resultados de 2020.
O Novo Banco lembra que os seus rácios estão protegido até certo limite das perdas sofridas nos ativos que estão abrangidos pelo mecanismo de capital contingente, pelo qual o Fundo de Resolução tem sido chamado a meter mais capital no banco.”Em 30 de setembro de 2020, o rácio CET 1 foi de 12,0% e o rácio de solvabilidade total situa-se em 13,9% (valores provisórios), valores esses que representam uma redução face aos apurados no final do exercício de 2019 devido à alteração do nível de proteção do Mecanismo de Capital Contingente, dos 13,5% Tier 1 verificados no final do ano passado para os atuais 12,0% CET 1.”
No entanto, a instituição lembra também que o Banco Central Europeu anunciou em março medidas que permitem aos bancos “operar temporariamente abaixo do nível de capital exigido, permitindo assim que as instituições financeiras continuem a suportar o financiamento da economia, num contexto económico particularmente adverso”. O Novo Banco tem pedidos de moratórias de crédito por parte de oito mil clientes que representam 4,8 mil milhões de euros em créditos.
Na atividade recorrente, e sem o impacto dos ativos do legado do antigo BES, o banco anunciou resultados positivos de 92 milhões de euros até setembro, menos 30% que em igual período do ano passado.