Sem surpresas, o Presidente da República marcou esta terça-feira as eleições presidenciais para 24 de janeiro de 2021. Marcelo Rebelo de Sousa já tinha transmitido aos partidos, nas audiências de 17 de novembro, que ia marcar as eleições esta terça-feira para dois meses após esta data.

Uma breve nota publicada no site da Presidência esclarece que “nos termos previstos na Constituição e na Lei Eleitoral, o Presidente da República assinou o Decreto que fixa para domingo 24 de janeiro de 2021 as eleições presidenciais, o qual seguiu já para publicação em Diário da República.”

Terça-feira vai ser dado o passo formal que faltava. Recandidatura de Marcelo à vista

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Marcelo tem alimentado o tabu presidencial desde a altura em que era apenas candidato ao primeiro mandato. O Presidente da República sempre disse que só anunciaria a recandidatura depois de marcar as eleições presidenciais (“quem marca é o Presidente, não o candidato”, afirmou), o que aconteceu na manhã desta terça-feira-feira. O escrutínio fica assim marcado precisamente para o mesmo dia do mês (24 de janeiro) em que Marcelo venceu as eleições presidenciais que o levaram a Belém em 2016.

Faltava este passo formal para que Marcelo ficasse livre — não por imposição legal, mas pelo seu entendimento do cargo — para assumir uma recandidatura. O Observador sabe que o chefe de Estado quer anunciar a candidatura após o feriado do 1º de dezembro, mais estimado por monárquicos do que por republicanos, mas uma data que o Presidente tem de enaltecer. Ainda por cima as comemorações trazem uma data semi-redonda: são os 380 anos da restauração da independência.

A recandidatura deverá ser anunciada na primeira quinzena de dezembro. E aí não faltam datas simbólicas: o 4 de dezembro, que é dia da morte e de evocar Sá Carneiro (um piscar de olho interessante ao centro-direita e sua base de apoio na primeira candidatura). No entanto, essa data podia ser vista também como um aproveitamento da figura de Sá Carneiro. Além disso, Marcelo ainda terá de discursar como Presidente no Seminário Diplomático anual, a 9 de dezembro, perante todo o corpo diplomático. O Presidente não quer contaminar este evento com leituras eleitorais, já que se aproxima a presidência portuguesa da União Europeia no primeiro semestre de 2021. O anúncio da recandidatura será assim, previsivelmente, depois de 9 de dezembro. Proximamente a essa data, há outra simbólica: a 12 de dezembro Marcelo Rebelo de Sousa faz 72 anos.

Há cinco anos, depois de outro longo tabu, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a candidatura em Celorico de Basto, em algo que só marcou na agenda no próprio dia. Celorico, no distrito de Braga, é a terra da sua avó Joaquina — figura que refere várias vezes como inspiradora — e também o local escolhido pelo Presidente para terminar a campanha eleitoral de 2016.