Quando Pedro Gonçalves foi contratado pelo Sporting, a questão da posição e da capacidade de se enquadrar no 3x4x3 de Rúben Amorim era uma questão em aberto. Em condições normais, e olhando para a época que o antigo médio do Wolverhampton tinha feito no Famalicão, podia ser trabalhado para ser um 8. Na pré-época, o treinador foi testando soluções e colocou-o na frente, mais descaído na esquerda, como um falso ala esquerdo que pisava terrenos mais interiores quando os outros dois avançados abriam e abdicavam de uma referência na frente. Depois, com Nuno Santos mais rotinado, passou para a direita mas sempre com funções de finalização em zona ofensiva. Funções e capacidade. Assim se explica algo que parece paradoxal: o jogador revelação da última Primeira Liga é o jogador revelação da atual Primeira Liga. Porquê? Sendo mesmo, parece outro.

João não se rende por dá cá aquela Palh(inh)a (a crónica do Sporting-Moreirense)

Com os dois golos apontados ao Moreirense, Pote garantiu pela segunda vez os três pontos aos leões à semelhança do que já tinha acontecido nos Açores com o Santa Clara (e com o mesmo resultado de 2-1). Mais do que isso, leva três bis consecutivos contra Tondela, V. Guimarães e Moreirense, quatro no total da temporada, e chegou aos nove golos no Campeonato – mais do que os jogos feitos, numa média superior a um golo por jogo.

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Há 55 anos que um jogador português do Sporting não precisava de tão poucos jogos para marcar em cinco seguidos (desde o avançado Lourenço), há 62 anos olhando apenas para a posição de médio (o brasileiro Ivson). Nem Peyroteo, nem Yazalde, nem Manuel Fernandes, nem Jardel, nem Liedson, alguns dos maiores goleadores de sempre dos leões, conseguiram fazer tantos bis em tão poucos jogos. Mais uma vez, não sendo um avançado. E é também graças a isso que o Sporting alcançou o melhor ataque à oitava jornada das últimas três décadas, tendo pela primeira vez 22 pontos em 24 possíveis desde que o triunfo passou a valer três pontos.

“É um orgulho especial porque o futebol vive de golos. Gosto de marcar golos mas o importante é a equipa estar bem, os três pontos e continuarmos a nossa caminhada”, sublinhou o internacional Sub-21 na zona de entrevistas rápidas da SportTV. “Como explicar? Nem eu sei… Eu trabalho e treino todos os dias, dou o meu melhor. Todos os jogos são complicados porque os adversários começam a analisar bem o nosso estilo de jogo. Tentamos dar sempre o nosso melhor mas certamente que o próximo jogo vai ser diferente. Vamos entrar sempre para ganhar. Estamos a desfrutar do nosso futebol e estamos muito contentes por isso”, acrescentou o MVP do triundo verde e branco frente ao Moreirense, que tem uma média de um golo por cada 67 minutos disputados na Liga.

“A atitude do Sporting é sempre igual. Umas vezes bem, outras vezes não tão bem, tentamos sempre arranjar soluções para marcar golo. As equipas também se fecham, tivemos dificuldade em frente à baliza, com o último passe a faltar e o jogo complicou-se. Foi complicado mas a reviravolta foi justa. É bom termos a melhor pontuação à oitava jornada para os jogadores do Sporting perceberem a sua grandeza mas estamos muito no início. Os próximos três jogos podem mudar a visão da época, temos muito a melhorar”, comentou depois Rúben Amorim na conferência, antes de falar da candidatura ao título: “Se calhar a dois minutos do final do último jogo…”.

“Isso não é muito importante mas sim como encaramos cada jogo. Há uma diferença entre os clubes, estamos a fazer o nosso processo mas vamos no início. Temos ambição e queremos ganhar os jogos todos mas tudo pode mudar e a equipa é jovem, precisamos de ter calma”, acrescentou o técnico dos verde e brancos.