A Guarda Civil espanhola está a investigar uma empresa multinacional por má gestão de resíduos sanitários associados ao Covid-19 em Portugal e Espanha. A operação Ribio levou já à detenção de 20 pessoas e a diligências nas sedes da empresa em várias regiões de Espanha, mas também em Portugal. A informação é avançada num comunicado da Guardia Civil que não identifica a empresa em causa, referindo apenas que se trata de uma holding americana com sede em Londres.

O operador é suspeito de reduzir custos com embalagens e manipular resíduos com equipamentos de proteção insuficientes, uma prática que aumenta os riscos de contágio pelo vírus. As ações de vigilância revelaram que os resíduos infetados eram armazenados ao ar livre e sem os recipientes adequados, recorrendo à utilização de embalagens mais económicas. Os funcionários na maioria dos casos só tinham luvas como equipamento de proteção individual.

Estas práticas permitiram maximizar os ganhos obtidos pela empresa em cerca de 300%. As autoridades espanholas estimam um ganho ilegítimo de um milhão de euros.

A investigação levada a cabo pelos Servicio de Protección de la Naturaleza (SEPRONA) da Guardia Civil envolveu também a GNR que fez diligência nas sedes da empresa em Portugal e a Europol. Em Espanha foram visadas as sedes empresa na Catalunha, Comunidade Valenciana, Baleares e Madrid. As sedes em Portugal não foram identificadas.

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A poupança conseguida no tipo de embalagens usadas — havia embalagens de cartão e sacos de plástico — levou a que as mesmas se degradassem por conterem substâncias líquidas que acabavam por ser libertados na via pública. A empresa investigada aceitava um volume e tipo de resíduos muito superior à sua capacidade, o que terá resultado em possíveis tratamentos incorretos dos mesmos, não permitindo neutralizar a carga viral e o risco de infeção. Segundo o comunicado da Seprona, estas práticas podem ter gerado situações de contágio, nomeadamente dos trabalhadores que manipularam e transportaram estes resíduos.

As investigações revelam ainda que a empresa usava veículos não autorizados para o armazenamento clandestino de resíduos, tendo aumentado a gestão dos mesmos em três toneladas no período de poucos meses, sem ter capacidade para tal. Para responder, subcontratou empresas que não estavam habilitadas para tratar este tipo de resíduos.

Os responsáveis da empresa são suspeitos de vários crimes relacionados com a gestão irregular de resíduos e contra os direitos dos trabalhadores e da saúde pública. A má gestão de resíduos pode originar a aplicação de sanções penais com penas de prisão até cinco anos, multas e inibição da atividade,