O Pesidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, pediu esta terça-feira “bom senso” ao líder do grupo dissidente do partido, Mariano Nhongo, apelando para que o grupo pare com os ataques armados no centro de Moçambique.
“Continuamos a apelar para o bom senso do senhor Mariano Nhongo e seus companheiros para pararem com a violência que têm estado a perpetuar”, disse o líder do maior partido de oposição, durante uma conferência de imprensa em Maputo.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado.
Ossufo Momade considerou que “a barbaridade da Junta Militar” é “uma afronta ao Estado moçambicano” e, por isso, as Forças de Defesa e Segurança “devem continuar a desempenhar o seu papel de proteger [as populações] e manter a ordem e segurança”.
“Como sempre dissemos, condenamos e repudiamos esses atos que põem em causa a vida humana e a vontade coletiva de viver em paz”, acrescentou o presidente da Renamo.
Na última semana, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique capturaram três homens próximos do líder do grupo dissidente da Renamo, um dos quais era seu assistente de campo.
Dias depois, Mariano Nhongo anunciou, em declarações à Lusa, a suspensão das emboscadas e ataques de viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir negociações com o Governo no início desta semana, mas, até agora, nada foi avançado sobre o assunto.
O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, já havia anunciado que o grupo dissidente da Renamo se manifestou disponível para negociar.
Em outubro, o Presidente moçambicano decretou uma trégua na perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à Junta Militar da Renamo durante sete dias, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.
O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a Renamo e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade, a quem acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais de seu antecessor, Afonso Dhlakama, um líder histórico que morreu em maio de 2018.