Demitiu-se Betsy DeVos, secretária de Educação dos Estados Unidos, um cargo equivalente ao de ministra no sistema governamental português. Numa carta enviada ao presidente cessante a que o The Wall Street Journal teve acesso, DeVos argumentou que “devemos destacar e celebrar as muitas conquistas desta administração em nome do povo americano”, mas “em vez disso, somos deixados para aqui a limpar a confusão causada por manifestantes violentos que invadiram o Capitólio dos Estados Unidos numa tentativa de minar os negócios do povo”.
É mais um membro do governo de Donald Trump que se demite após o ataque de quarta-feira. O conselheiro adjunto para a segurança nacional do presidente cessante, Matt Pottinger, também se afastou do cargo depois de ver a reação de Donald Trump à invasão do Capitólio por parte dos seus apoiantes. A demissão foi confirmada por fonte próxima de Pottinger à CNN.
A cadeia norte-americana admite que mais membros da administração Trump possam seguir-lhes o exemplo, incluindo o principal conselheiro para a segurança nacional, Robert O’Brien — isto apesar de o próprio ter garantido que não planeia fazê-lo. Também a chefe de gabinete da Primeira Dama já bateu com a porta.
De acordo com a CNN, outra possível saída seria a de Chris Liddell, adjunto da chefia do staff da administração Trump. Mas numa entrevista ao Newsroom, um jornal da Nova Zelândia, de onde é originalmente, Liddell explicou que ponderou sair, mas decidiu que ficar até ao fim do mandato.
“Pretendo ficar e tentar fazer a coisa certa pelo país. Na verdade, é fundamental manter o meu emprego pelos próximos 12 dias. Esta é uma situação inacreditável e volátil”, defendeu, admitindo ter ficado “horrorizada, como toda a gente ficou, com os acontecimentos”.
Para Pottinger, porém, não havia muito a “ponderar”, dada a gravidade dos acontecimentos desta quarta-feira, disse o próprio a pessoas próximas.
Quem também abandonou a Casa Branca, foi Stephanie Grisham, há longos anos próxima da campanha de Trump e que era chefe de gabinete da Primeira Dama, Melania Trump. Foi a própria Stephanie Grisham, num comunicado em que não faz qualquer alusão direta aos confrontos, que disse que estava, com efeitos imediatos, a “desligar” – quando ainda faltariam 14 dias para a transição de poder.
“Foi uma honra servir o país na Casa Branca. Estou muito orgulhosa de ter feito parte da missão da primeira-dama Melania Trump de ajudar as crianças em todo o lado, e tenho orgulho nas muitas coisas que esta administração conseguiu fazer”, publicou.
It has been an honor to serve the country in the @WhiteHouse . I am very proud to have been a part of @FLOTUS @MELANIATRUMP mission to help children everywhere, & proud of the many accomplishments of this Administration. Signing off now – you can find me at @OMGrisham ❤️????????
— Stephanie Grisham 45 Archived (@StephGrisham45) January 7, 2021
“Evento traumático e evitável”. Secretária dos Transportes demite-se
Elaine Chao, secretária com a pasta dos Transportes na administração Trump (mais uma vez, um cargo equivalente ao de ministra) também se demitiu esta quinta-feira do cargo após a invasão no Capitólio por apoiantes de Donald Trump. A decisão da secretária tem efeitos a partir da próxima segunda-feira e promete ajudar o sucessor Pete Buttigieg na responsabilidade de gerir o “maravilhoso departamento”.
“O nosso país experienciou um evento traumático e inteiramente evitável quando apoiantes do Presidente invadiram o Capilólio após um congresso no qual esteve presente. Como é o caso de muitos de vocês, [a invasão] incomodou-me profundamente numa maneira que eu simplesmente não consigo ignorar”, justificou a republicana na conta pessoal Twitter.
(texto atualizado às 8h35 do dia 8 de janeiro com a demissão de Betsy DeVos e a decisão de Chris Liddell de permanecer do governo)