A obra do escritor inglês George Orwell entrou este mês no domínio público e várias editoras já anunciaram o lançamento de novas edições, em particular do romance distópico 1984 e da fábula política Quinta dos Animais.

Em janeiro chegam às livrarias diversas versões das mais emblemáticas obras de George Orwell, com apostas em edições ilustradas, novas traduções e prefácios, bem como um volume de ensaios, que apresenta alguns inéditos em Portugal.

George Orwell — Ensaios, que será publicado no dia 14 pelas edições 70, do grupo Almedina, traz um conjunto de ensaios do Orwell político, mas também uma coletânea de textos sobre o policial, a literatura infantojuvenil e outras manifestações da cultura de massas, bem como outros sobre a natureza, o imperialismo e as questões identitárias, segundo a editora.

Trata-se de uma obra organizada, prefaciada e traduzida por Jacinta Matos, também responsável pela biografia do autor, que inclui 20 ensaios reveladores de facetas menos conhecidas do escritor.

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Os romances Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (normalmente publicado como 1984) e Quinta dos Animais, dois clássicos de George Orwell que são alegorias da sociedade de ontem e de hoje, chegaram já esta semana às livrarias, “em dose dupla e à procura de novos leitores”, editados pela Porto Editora e Livros do Brasil. Esta última chancela publicou os dois romances na coleção “Dois Mundos”, sendo que a Quinta dos Animais conta com um prefácio da autoria do antigo Presidente da República Jorge Sampaio.

Tendo como tema central a construção de uma sociedade mais justa, esta história já foi várias vezes adaptada ao cinema e televisão, assim como o romance 1984. A Porto Editora escolheu usar estas duas obras para levar a arte das ruas para as estantes dos leitores. Para tal, desafiou os artistas urbanos Vhils e GonçaloMAR, que aceitaram o desafio de fazer as capas destes dois novos títulos da coleção Clássicos Hoje.

Vhils ilustrou a capa de 1984, romance distópico em que Orwell “previu o futuro”, que é o presente atual: “uma sociedade em que se escondem verdades inconvenientes, como o controlo que a comunicação social e as redes sociais exercem sobre as mentes e as vidas de todos”. Foi com este romance que nasceu a expressão “Big Brother”: A frase “Big Brother is Watching You” (“O Grande Irmão está a vigiar-te”) refere-se especificamente à vigilância invasiva frequente.

GonçaloMAR deu cor à Quinta dos Animais, sátira em forma de fábula, também conhecida como O Triunfo dos Porcos, que conta a história dos animais de uma quinta, que, fartos da exploração dos humanos, acabam por se revoltar. Nesta história — que imortalizou a expressão “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros” –, o que começa por ser um grito de liberdade e justiça vai-se transformando progressivamente e, quando uma elite toma o poder, as promessas de liberdade são adiadas.

A Editora Bertrand vai publicar estas mesmas duas obras, mas de forma faseada: no dia 14 de janeiro é lançado O Triunfo dos Porcos, ao passo que 1984 chega às livrarias em fevereiro. Também a Cultura Editora agarrou na obra de George Orwell e vai publicar no dia 21 O Triunfo dos Porcos.

A Cavalo de Ferro espera pelo mês de fevereiro e aposta numa versão do romance A Quinta dos Animais em edição cartonada e “profusamente ilustrada”, com mais de 100 ilustrações a cores de Ralph Steadman, artista britânico conhecido pelas suas caricaturas políticas e sociais. Esta nova tradução do clássico moderno de George Orwell inclui dois prefácios históricos de George Orwell”, adianta o grupo editorial 2020, que detém aquela chancela.

Outra editora que recuperou a obra de George Orwell foi o Clube do Autor, para colocar no mercado uma nova versão de 1984, na coleção “Os Livros da Minha Vida”, com um prefácio assinado pelo jornalista José Rodrigues dos Santos. Contudo, esta publicação tem uma história mais antiga: a editora lançou o livro em março de 2020, mas, na altura, a Antígona era a detentora dos direitos de publicação e interpôs uma providencia cautelar contra o Clube do Autor.

O livro chegou a ser comercializado, mas foi entretanto retirado, regressando agora aos escaparates das livrarias. Legalmente, uma obra entra no domínio público, ou seja, passa a poder ser utilizada livremente, sem necessidade de autorização ou de pagamento de direitos, 70 anos após a morte do autor.

Tendo George Orwell morrido no dia 21 de janeiro de 1950, os 70 anos da sua morte completaram-se em janeiro de 2020. Contudo, só no primeiro dia do ano seguinte a completarem-se os 70 anos da morte do autor é que as suas obras perdem os direitos autorais e entram em domínio público, para serem distribuídas e partilhadas gratuitamente pelo público mundial sem infringir qualquer lei.

George Orwell, pseudónimo de Eric Arthur Blair, foi um escritor, jornalista e ensaísta político inglês, nascido na Índia Britânica, que se tornou célebre sobretudo pelas suas obras de ficção política A Quinta dos Animais (1945) e Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (1949).