As autoridades dos Estados Unidos detiveram esta quinta-feira um manifestante que foi fotografado com a bandeira da Confederação durante a invasão do Capitólio na semana passada, de acordo com a imprensa norte-americana.
O homem, Kevin Seefried, foi detido no estado do Delaware depois de o FBI ter emitido um alerta pedindo informações sobre o manifestante, que foi visto com a bandeira que é considerada um símbolo de ódio, racismo e supremacia branca nos Estados Unidos.
Segundo o The New York Times, o FBI já recebeu mais de 126 mil fotografias e vídeos em resposta aos pedidos de ajuda para identificar os manifestantes que invadiram o Capitólio no dia 6 de janeiro, durante o processo de certificação dos votos da eleição presidencial de novembro.
#FBIWFO is seeking the public's assistance in identifying this individual who made unlawful entry into US Capitol on Jan. 6. If you witnessed unlawful violent actions contact the #FBI at 1-800-CALL-FBI or submit photos/videos at https://t.co/NNj84wkNJP. https://t.co/Dxyb7kweea pic.twitter.com/DSbXkNx0Il
— FBI Washington Field (@FBIWFO) January 11, 2021
Já foram feitas múltiplas detenções em vários estados na sequência da invasão (que deixou pelo menos cinco vítimas mortais), estando as autoridades a monitorizar voos de e para Washington D.C., redes sociais e outras vias para identificar os manifestantes.
Contudo, a detenção de Kevin Seefried é uma das mais significativas até ao momento. O homem chamou a atenção por levar consigo uma bandeira da Confederação, um dos mais célebres símbolos de racismo no país.
A história daquela bandeira remonta ao final do século XIX e à Guerra Civil norte-americana. Em 1860, um conjunto de estados do sul dos EUA romperam com a união e formaram os Estados Confederados da América. No centro da divisão estava a escravatura dos negros — enquanto os estados do norte eram abolicionistas, os estados do sul que romperam com os EUA desejavam manter a escravatura.
A guerra prolongou-se por mais de quatro anos e, durante as batalhas, os militares da Confederação usaram com frequência a bandeira em questão: fundo vermelho, uma cruz azul e 13 estrelas brancas simbolizando os 13 estados esclavagistas. Embora aquela nunca tenha sido a bandeira oficial da Confederação, foi a bandeira usada pelos militares nos atos de guerra e perdurou até hoje como símbolo de grupos supremacistas brancos.
A bandeira tem sido comum em protestos organizados por grupos de extrema-direita e supremacistas brancos nos EUA — e surgiu frequentemente em grupos de apoio a Trump. Nos últimos anos, a exibição da bandeira tem sido gradualmente proibida por organismos militares, instituições privadas e organismos estaduais — e até retirada das principais lojas norte-americanas.
O surgimento de uma bandeira da Confederação durante a invasão do Capitólio originou grande polémica nos EUA, com vários responsáveis políticos e académicos a lamentar a entrada daquela bandeira na casa da democracia norte-americana — quando nem na Guerra Civil a bandeira entrou no edifício.
No dia 6 de janeiro, quando o Congresso se preparava para cumprir o formalismo de certificar os resultados eleitorais e formalizar a vitória de Joe Biden, milhares de apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio de forma violenta, procurando ocupar as câmaras onde os procedimentos decorriam e obrigando à retirada de emergência do vice-presidente e de todos os membros do Congresso.
A ocupação já foi classificada por vários políticos americanos, republicanos e democratas, como um ato de terrorismo doméstico e de traição. A invasão, que deixou cinco vítimas mortais, ocorreu uma hora depois de Donald Trump ter discursado perante centenas de apoiantes em Washington D.C., incitando-os a lutar contra o resultado eleitoral.
Na sequência da invasão, o Partido Democrata avançou para uma acusação de impeachment contra Trump, por “incitamento à insurreição“, que foi aprovada na quarta-feira. Trump é o primeiro Presidente dos EUA a sofrer um impeachment duas vezes.