“Vamos continuar a perseguir o nosso sonho, como fizemos desde o início. Não podia ter sido melhor, melhor é que era quase impossível. Estou muito contente, hoje [segunda-feira] conseguimos rodar os nossos atletas, equilibrar mais ou menos os minutos, em relação aos jogos anteriores”, dizia Paulo Pereira, selecionador nacional, após o triunfo frente à Argélia por 26-19. Nem sempre a exibição foi a mais constante mas Portugal conseguiu fechar de forma tranquila a primeira fase do Campeonato do Mundo de andebol com três vitórias noutros tantos encontros, passando logo no início a barreira mais complicada que era a Islândia. Agora, na Ronda Principal, havia mais um país escandinavo pela frente. No entanto, a Noruega seria um teste como a Seleção não tivera até agora.

Portugal vence Argélia, chega à segunda fase do Mundial só com vitórias e fica em melhor posição para chegar aos quartos

Vice-campeões mundiais em 2017 e 2019 e terceiros classificados no Europeu do ano passado, os nórdicos tiveram uma derrota na fase inicial diante da França logo a abrir e chegavam ao grupo III com menos margem de erro do que Portugal e França, que começavam com quatro pontos. Ainda assim, e vendo até as próprias casas de apostas, partia como favorita mas numa posição totalmente diferente não só pelo trajeto no Europeu de 2020 que acabou na sexta posição mas também pelo encontro equilibrado nessa mesma prova que a Noruega venceu por 34-28 num jogo que chegara ao intervalo com apenas dois golos de diferença (16-14). Com um ponto: uma vitória nacional frente aos escandinavos era uma espécie de passo e meio para chegar a uns inéditos quartos do Mundial.

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“Não é uma final, a final realiza-se apenas no dia 31. Mas este embate tem um significado especial porque se trata teoricamente do jogo mais difícil nesta fase. Ao mesmo tempo, pode ser igualmente a solução para Portugal poder chegar aos quartos. Já para a Noruega, que tem uma grande equipa, é um jogo decisivo porque se perder vai ficar fora das medalhas”, destacou Paulo Pereira, no lançamento do primeiro encontro da Ronda Principal. “O duelo com a Suíça também será difícil e com a França logo se vê, pode ser o jogo do tudo ou nada ou nem contar para as contas da classificação. Vamos ver, a Islândia perdeu um jogador chave e deve ter mais problemas e sabemos que a Argélia pode ajudar porque vai fazer tudo para ganhar à França”, acrescentou.

Era neste contexto que chegava a estreia nacional na Ronda Principal, ainda com dúvidas por questões físicas em torno de Daymaro Salina, Luís Frade e André Gomes numa prova onde Portugal ainda não teve todos os jogadores disponíveis para o mesmo encontro. “Acredito que podemos ser mais fortes, já no ano passado, no Europeu, podíamos ter vencido a Noruega. Nesse jogo sabemos que não estivemos tão fortes em alguns postos específicos, que temos de melhorar contra com uma das melhores equipas do mundo”, projetara o selecionador, olhando também para a importância da parte defensiva para um bom resultado e, em paralelo, as questões físicas que têm vindo a limitar dois dos pivôs nacionais já depois de Alexis Borges também ter sentido problemas.

Portugal entrou a perder, deu a volta para 2-1 com uma grande defesa de Quintana seguida de golo direto por parte do guarda-redes mas algumas decisões com muitos protestos do banco nacional que valeram até um amarelo ao adjunto Paulo Fidalgo foram evitando que a Seleção alcançasse uma vantagem mais larga, além de um ataque falhado com 5-4 que poderia ter dado o primeiro avanço de dois golos na partida. A partir daí, e apesar de Paulo Pereira ter parado o encontro pelo meio, Portugal foi sempre atrás do resultado, recuperou de desvantagem de 6-8 e 9-12 para empate mas, num final de primeira parte mais desinspirado e com algumas falhas no ataque que não permitiram passar de novo para a frente, a Noruega saiu a ganhar ao intervalo por 16-14.

No segundo tempo, a irregularidade da exibição nacional manteve-se em alguns momentos e foi isso que voltou a condicionar a tentativa de aproximação aos nórdicos. A dupla de arbitragem, a distribuir várias exclusões pelas duas equipas (algumas sem que se percebesse essa sanção), foi também protagonista mas Portugal cometeu erros que foram sendo aproveitados por uma das melhores equipas do mundo na capacidade de jogar rápido e sempre em transições. A Seleção necessitava de um ponto de viragem e o mesmo apareceu na sequência de mais uma superioridade numérica, com Portugal a passar de 20-24 para 23-24, a poder empatar por mais do que uma vez por mais do que uma vez também por culpa de uma grande entrada de Humberto Gomes, que “fechou” a baliza e permitiu que o tão procurado empate chegasse a sete minutos do final (26-26). Num final de nervos, e com o vermelho a Iturriza e uma exclusão a Daymaro Salina a pesarem, a Seleção perdeu por 29-28, com Rui Silva a acertar no poste no último remate feito em 7×6 e no último segundo do encontro.