Francisco Rodrigues dos Santos vai pôr nas mãos dos conselheiros nacionais do partido a continuidade da sua liderança. O presidente do CDS vai apresentar uma moção de confiança no próximo Conselho Nacional para perceber se tem ou não condições para ficar à frente do partido.

O anúncio será feito já esta terça-feira, numa declaração pública ao país e, em particular, aos militantes do CDS, às 19 horas. A decisão de Francisco Rodrigues dos Santos resulta da vontade pessoal e das conversas que foi tendo quer com membros da sua direção, quer com outras figuras do partido, ao longo de todo o fim de semana.

É, na prática, a repetição da estratégia usada por Rui Rio no primeiro embate com Luís Montenegro pela liderança do PSD, em janeiro de 2019. Na altura, o atual presidente social-democrata viu a sua direção confirmada pelos conselheiros nacionais e anulou as pretensões de Montenegro.

Agora, será a vez de Francisco Rodrigues dos Santos, no CDS, tentar neutralizar a ameaça de Adolfo Mesquita Nunes. O antigo vice-presidente de Assunção Cristas pediu a convocação de um Conselho Nacional para discutir e aprovar a realização de um congresso extraordinário eletivo. Ora, se a moção de confiança de Rodrigues dos Santos for aprovada, Adolfo Mesquita Nunes receberá um sinal político pouco encorajador.

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Mais: se a maioria do Conselho Nacional que aprova a moção de confiança for a mesma que rejeita a realização do congresso, Adolfo Mesquita Nunes não terá sequer oportunidade de ir a votos. A menos que recolha as assinaturas necessárias para o fazer — em entrevista ao Público, o antigo secretário de Estado defendeu que não era “útil para o partido” começar um “processo de disputa de liderança com recolha de assinaturas” e o Observador sabe que se o Conselho Nacional chumbar o congresso a hipótese de ser Mesquita Nunes a forçá-lo é muito reduzida.

Ao avançar com esta moção de confiança, Francisco Rodrigues dos Santos está a dar um sinal de que está convicto de que tem a maioria dos conselheiros nacionais do seu lado. A contagem de espingardas, de um lado e do outro, já começou há muito e os contactos que o líder do CDS fez nos últimos dias dão-lhe conforto para pensar que conseguirá sair vitorioso no Conselho Nacional.

Isto mesmo depois da demissão de Filipe Lobo d’Ávila e de outros membros do “Juntos Pelo Futuro”, moção que conseguiu 15% nas últimas eleições do CDS e que cujo apoio foi fundamental para consolidar a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos.