Seis meses de namoro foram tempo suficiente para que Carlos, herdeiro da trono britânico, avançasse para o pedido de casamento. Do momento não há registos fotográficos — terá sido a 3 de fevereiro de 1981, no Castelo de Windsor — mas, semanas depois, o noivado foi oficializado numa terça-feira, nos jardins do Palácio de Buckingham.
A selar o compromisso, uma safira oval rodeada de diamantes. O anel impressionou, tal como a entrevista dada pelo casal — a mesma que Spencer mais tarde classificou de “medonha”, de acordo com o livro assinado por Andrew Morton –, embora, no caso da segunda, não pelos melhores motivos.
Como se conheceram?
Quase 13 anos separavam Carlos e Diana, que cresceu no seio de uma família aristocrática, relativamente próxima dos Windsor, chegando mesmo a ter os príncipes Eduardo e André, irmãos mais novos do príncipe de Gales, como companheiros de brincadeira. Com a morte do avô e consequente passagem do título de conde para o pai, ganhou o título de lady. Tinha 13 anos.
A jovem Diana conheceria o futuro marido em 1977, durante uma visita de Carlos à residência da família. Na altura, saía com Sarah, a irmã mais velha. Anos mais tarde, na malfadada entrevista de noivado, o príncipe partilhou as suas primeiras impressões da jovem Spencer: “Lembro-me de achar que era uma jovem de 16 anos muito alegre, engraçada e atraente. Quer dizer, muito divertida, bem disposta, cheia de vida e tudo mais”.
O namoro com Sarah não foi longe. Em fevereiro de 1978, esta terá comentado um possível casamento com o príncipe com um jornalista. “A minha irmã falou com a imprensa. Sinceramente… foi o fim dela”, terá desabafado Diana mais tarde. O momento não resultou numa aproximação entre o primogénito de Isabel II e a mais nova das irmãs Spencer. Na verdade, seria preciso esperar mais de dois anos para assistir ao reencontro.
Do reencontro ao circo mediático
O verão de 1980 juntou-os, durante um fim de semana passado na casa de um amigo comum. Depois de dois dedos de conversa, o príncipe terá feito a primeira investida. “No minuto a seguir, atirou-se a mim, praticamente. Foi estranho. Pensei: ‘Isto não é muito agradável’… Mas como nunca tinha tido um namorado, não tinha nada em que me basear”, afirmou mais tarde Diana, num dos áudios gravados pelo seu terapeuta vocal Peter Settelen.
Os dois começaram a sair (segundo Diana foram 13 os encontros até ao casamentos) e, em setembro desse mesmo ano, já com 19 anos, a jovem Spencer viajou até à Escócia para passar o fim de semana em Balmoral e assim conhecer a família real.
A sua personalidade foi consensual entre os Windsor e, aos olhos do público, a relação do príncipe de Gales evoluía em crescendo. A namorada de Carlos conquistava o estatuto de celebridade. Depois da estreia em Balmoral, a imprensa começou a seguir-lhe os passos — do apartamento que partilhava com três amigas em Knightsbridge à creche onde trabalhava, em Pimlico.
O pedido de casamento
É conhecida a forma como a família empurrou Carlos, na altura com 32 anos, para o matrimónio. O duque de Edimburgo chegou mesmo a escrever-lhe com um desejo explícito: que pedisse lady Spencer em casamento ou que a deixasse. Carlos ter-se-á sentido encostado contra a parede e precipitado para o noivado, mesmo decorridos apenas seis meses de namoro. Diana partilhou mais tarde as suas impressões sobre este passo precoce — “Ele tinha encontrado a virgem, o cordeiro para o sacrifício”.
O herdeiro do trono britânico acedeu e fez o pedido no dia 3 de fevereiro de 1981 (há precisamente 40 anos) no Castelo de Windsor. Diana descreveu o momento a Andrew Morton, anos mais tarde. “Casas comigo?”, ter-lhe-á com um joelho no chão, como retratou em tempos o Daily Mirror. A futura princesa pensou que fosse uma brincadeira — respondeu sem grande entusiasmo e riu-se. “Ele estava muito sério. Disse-me: ‘Tens noção de que um dia vais ser rainha?’. Na minha cabeça, uma voz dizia: ‘Não vais ser rainha, mas vais ter um papel difícil'”. Ela aceitou, ele correu para o telefone e contou à mãe.
A entrevista
O mundo esperou exatamente três semanas para ver o casal anunciar oficialmente o noivado, nos jardins do Palácio de Buckingham. Diana havia recebido o anel dois dias antes, uma safira de Ceilão oval, rodeada por 14 diamantes numa estrutura de ouro branco de 18 quilates. A peça, assinada pela Garrard, pertence hoje à duquesa de Cambridge.
A descontração do momento marcou o início de uma nova era — afinal, Diana foi a primeira a manter um trabalho pago até ficar noiva de um príncipe da coroa. Vestida de azul, posou para as fotografias ao lado do futuro marido. Nesse mesmo dia — 24 de fevereiro — falaram com a BBC.
Rever a entrevista chega a ser quase tão aflitivo. “Estão apaixonados?” — a pergunta do jornalista arrancou uma resposta instantânea da futura princesa. “Claro”, respondeu Diana Spencer, que não tinha como prever a reação do noivo, com quem estava de mão dada. “O que quer que estar apaixonado seja”, respondeu. O raciocínio do príncipe acabou entrecortado pela gargalhada nervosa de Spencer, que admitiu anos depois o trauma que a resposta lhe causou — “Apanhou-me completamente de surpresa. Pensei: que resposta estranha”.
Em breve, Carlos partiria para uma viagem de três semanas à Austrália e à Nova Zelândia. O casamento aconteceu cinco meses depois, a 19 de julho.