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Esta voz de Adel é música para os ouvidos (a crónica do Benfica-Famalicão)

Este artigo tem mais de 3 anos

Fast forward para a frente, rewind para trás, play aqui e ali, pause ao intervalo: Taarabt marcou o passo do Benfica coletivamente forte como há muito não se via e bateu Famalicão em 45 minutos (2-0).

Adel Taarabt foi uma das unidades mais importantes no ritmo que o Benfica conseguiu imprimir na primeira parte e que chegou para resolver o jogo
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Adel Taarabt foi uma das unidades mais importantes no ritmo que o Benfica conseguiu imprimir na primeira parte e que chegou para resolver o jogo

Pedro Fiuza

Adel Taarabt foi uma das unidades mais importantes no ritmo que o Benfica conseguiu imprimir na primeira parte e que chegou para resolver o jogo

Pedro Fiuza

Durante o surto que assolou o Seixal há três semanas e que infetou um total de quase 30 pessoas entre jogadores, equipa técnica, staff, demais colaboradores e inclusive o presidente Luís Filipe Vieira, Jorge Jesus foi fazendo uma série de testes, todos eles negativos. Ainda assim, tinha sintomas. Febre, dores no corpo. No entanto, e por ver a razia nos trabalhos do plantel, recusou parar. Deu treinos em grupos mais pequenos, continuou a ir para o banco, assumiu ainda mais pastas do que aquelas que já tinha. Uma semana depois, e no seguimento de um jogo frente ao Nacional onde já teve de fazer um esforço extra, teve mesmo de parar. E ao oitavo teste deu positivo.

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Como João de Deus, adjunto e número 2 da equipa técnica, foi destacando em todas as conferências de imprensa após os encontros, Jesus continuou a ser o cérebro de tudo, dos treinos à abordagem ao jogo, passando pelo estudo do adversário, pelos esquemas táticos ou pelas nuances preparadas com o evoluir do resultado. No entanto, e até pelo tipo de liderança que exerce no banco, fez falta. Não tanto na vitória frente ao Belenenses SAD, que foi sendo construída de forma natural, mas na deslocação a Alvalade para o dérbi com o Sporting e no empate caseiro diante do V. Guimarães que fechou a primeira volta. Só aí, foram cinco pontos perdidos. E como três foram contra os leões, a distância para a liderança em caso de vitórias nesses dois encontros seria de cinco e não 11 pontos. Foi também neste contexto que, já a sentir-se melhor, o treinador principal sentiu a importância de regressar.

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“Este desafio com o Famalicão ficará assinalado pelo regresso ao banco de Jorge Jesus, o qual, assintomático há três dias, faz questão de já estar junto da equipa hoje [segunda-feira], apesar de lhe ter sido recomendado, pelos médicos que o acompanham, que descansasse mais uns dias na sequência do período de ausência forçada devido à Covid-19”, assumiu o clube na sua newsletter diária antes do encontro. Sendo verdade que há 20 anos que a equipa do Benfica não terminava a primeira volta fora do pódio, mais um registo negativo entre outros que se fosse pela parte histórica retiravam os encarnados da luta pelo título, bastou o empate na Pedreira para haver uma perceção diferente de tudo: uma vitória no arranque da segunda volta permitia igualar o Sp. Braga, ficar a três pontos do FC Porto e esperar por uma quebra do Sporting que terá de jogar fora com todos os outros candidatos.

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Por isso, a receção ao Famalicão agora orientado por Silas assumia uma especial importância. Nos últimos seis jogos em todas as competições, o Benfica chegava com apenas uma vitória; nos últimos quatro só para a Primeira Liga, teve três empates e uma derrota. Mais do que isso, e continuando a olhar apenas para o Campeonato, só marcou dois golos em 360 minutos, sofrendo três no mesmo período. Sendo percetível que a equipa foi ganhando com o tempo outra solidez defensiva, a que não será alheio o crescimento de Weigl na ideia tática de Jesus e a consolidação de um quarteto base que poderá voltar a mexer na forma (tática) ou no conteúdo (nomes) com a chegada de Lucas Veríssimo, era no ataque que estava agora o problema, não tanto pela criação de oportunidades ou pelas tentativas de visar a baliza (23 contra os minhotos, 16 na primeira parte) mas pelos golos.

Mais uma vez sem os lesionados Rafa e Luca Waldschmidt, Jesus optou por uma ideia diferente, colocando Cervi de novo na esquerda, Everton na direita e dois avançados em cunha, Seferovic e Darwin Núñez, tendo Taarabt nas chegadas. Durante 45 minutos o coletivo do Benfica mostrou-se como há muito não se via: solto, intenso, a jogar rápido e a campo grande, com grande disciplina nas transições, a ter sempre um jogador na compensação para ganhar de novo a posse. E foi aí que Adel Taarabt se destacou, mostrando que, com este Weigl mais integrado na ideia de ‘6’ no esquema de Jesus, e com elementos como Cervi a terem tantas ou mais ações defensivas do que os próprios elementos mais recuados, consegue abrir o livro e ser o ‘8’ que tanta falta fez em alguns momentos a uma equipa que deu uma resposta clara aos quatro jogos sem ganhar antes de quebrar em termos físicos.

Ficha de jogo

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Benfica-Famalicão, 2-0

18.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Benfica: Vlachodimos; Gilberto, Otamendi, Vertoghen, Grimaldo; Weigl, Taarabt (Gabriel, 76′); Everton (Diogo Gonçalves, 90′), Cervi (Pizzi, 61′); Darwin Nuñez (Chiquinho, 90′) e Seferovic

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Nuno Tavares, Morato, Pedrinho e Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Famalicão: Luiz Júnior; Patrick William (Diogo Figueiras, 68′), Diogo Queirós, Babic; Edwin Herrera (Alexandre Guedes, 23′), Pêpê Rodrigues, Ugarte, Rúben Vinagre; Gil Dias (Anderson, 79′), Heriberto (Lukovic, 79′) e Ivo Rodrigues (Valenzuela, 68′)

Suplentes não utilizados: Vaná, Morer, Riccieli e Kraev

Treinador: Silas

Golos: Darwin Núñez (3′) e Otamendi (7′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Babic (28′), Taarabt (56′), Rúben Vinagre (57′), Otamendi (71′) e Gilberto (81′)

E se eficácia foi a palavra chave no empate frente ao V. Guimarães, eficácia foi também a palavra chave na vitória com o Famalicão. Eficácia e total, logo nos primeiros minutos: na sequência de uma jogada iniciada nos pés de Taarabt e que teve Everton a fintar três adversários na área antes do cruzamento ao segundo poste, Darwin Núñez só teve de encostar ao segundo poste para o 1-0 (3′); pouco depois, Taarabt aproveitou um livre lateral para fazer a diagonal, testar a meia distância e ver Otamendi encostar na recarga após defesa incompleta de Luiz Júnior para o 2-0 (7′). Jorge Jesus ainda não tinha tirado a máscara na sua zona técnica mas via a equipa marcar tantos golos em menos de dez minutos do que nos últimos 360. Mais do que isso, apresentava qualidade no jogo com e sem bola, que não teve outra expressão porque um cabeceamento de Taarabt saiu muito perto da trave.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-Famalicão em vídeo]

A jogar em campo grande, a dar muita largura ao jogo ofensivo com a colocação dos alas no lado do pé de raiz ao contrário do que é normal (Everton na direita, Cervi na esquerda) e a trocar rápido e bem a bola, o Benfica tinha o domínio total do jogo enquanto Silas se sentava no banco e fazia esboços com o adjunto Zé Pedro sobre o que podia mudar para equilibrar o encontro, não demorando a abdicar de Edwin Herrera para lançar Alexandre Guedes. No entanto, apenas por uma vez o Famalicão conseguiu visar a baliza de Vlachodimos… quase para o golo: livre lateral na direita marcado por Ivo Rodrigues, corte da defesa encarnada para um primeiro remate falhado por um jogador famalicense e tentativa de Gil Dias que bateu no poste da baliza de Vlachodimos (27′). Entre as chances que o Benfica foi criando e desaproveitando, os visitantes ficaram muito perto de reduzirem a desvantagem.

Logo a abrir o segundo tempo, Darwin Núñez teve um remate perigoso ainda desviado para canto mas as principais características da partida iriam mudando, com o Benfica a ter uma menor capacidade de pressão a condicionar a saída do Famalicão e a consentir que os visitantes ensaiassem transições rápidas em velocidade sempre a explorar os corredores laterais de onde nasceram os principais lances de perigo: Rúben Vinagre apareceu na área descaído sobre a esquerda para rematar forte mas às malhas laterais; Gil Dias foi sempre o elemento mais agitador sobretudo nos lances em que surgiu na direita arriscando o 1×1 com Grimaldo com dois remates perigosos (um para defesa de Vlachodimos, outro um pouco ao lado); Rúben Vinagre deixou outra ameaça de livre direto. E seria essa a tónica que iria prolongar-se até ao final do encontro, com Darwin Núñez a ter até a oportunidade mais flagrante após trabalho de Seferovic antes de mais dois bons lances ofensivos dos famalicenses sem efeito.

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