Coates não marcava desde a segunda jornada no Campeonato, tendo pelo meio feito dois golos na eliminatória da Taça de Portugal frente ao Sacavenense, no Jamor. No entanto, e depois de ter começado o encontro logo com uma boa oportunidade aos dois minutos, terminou o jogo em Barcelos frente ao Gil Vicente como o jogador com mais remates em campo. Mais do que isso, dois foram certeiros e permitiram mais uma reviravolta ao Sporting, naquele que foi o primeiro bis do internacional uruguaio na Liga desde que chegou a Alvalade, em janeiro de 2016.

Para ti, Santiago (a crónica do Gil Vicente-Sporting)

Os leões já não estavam em desvantagem em jogos do Campeonato desde a oitava jornada com o Moreirense (e só tinham saído uma vez a perder ao intervalo, frente ao FC Porto) mas conseguiram a quarta reviravolta da época, a terceira olhando apenas para os encontros da principal competição nacional e a segunda diante do Gil Vicente, com quem o Sporting também tinha estado a perder em Alvalade com o primeiro golo da viragem a surgir aos 83′ como aconteceu esta terça-feira em Barcelos. Com isso, a equipa de Rúben Amorim reforçou também o estatuto de conjunto com mais golos nos últimos 15 minutos (14, 37% do total) e ganhou pela quarta vez nos descontos, numa vitória importante também numa perspetiva histórica: além de ser a segunda melhor classificação de sempre dos leões, nunca uma equipa com este avanço na segunda volta perdeu o título.

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Para já, o que fica é uma vantagem de oito pontos em relação ao segundo lugar (FC Porto), um avanço que o clube não tinha no Campeonato há 50 anos, tendo também mais 11 pontos do que Benfica e Sp. Braga na luta por um dos dois lugares que valem entrada direta na Liga dos Campeões. No entanto, a noite foi mesmo de Coates. Pela vitória, pelos dois golos, pela importância na equipa e pela semana complicada que atravessou depois da morte de Santiago García, El Morro com quem fez a formação no Nacional do Uruguai e se estreou nos seniores, e que foi encontrado sem vida em casa no passado sábado, numa morte que chocou o país por se tratar de um internacional Sub-20 depois de uma longa luta contra uma profunda depressão que o afastou do Godoy, o último clube.

“Para mim foi um jogo muito especial. Esta semana perdi um amigo, um irmão. Era um jogo muito complicado e muito obrigado a toda a equipa que me apoiou até ao final, mesmo no jogo e no campo. Parabéns a toda a equipa”, começou por referir na zona de entrevistas rápidas da Sport TV, após ter sido bem percetível em campo na celebração sobretudo do segundo golo e no final os dedos apontados para o céu em homenagem ao amigo.

“Era preciso ganhar, depois dos resultados dos rivais. Estamos todos de parabéns, sabemos que ainda falta muito e vai ser complicado como hoje, mas temos de continuar com os nossos objetivos, jogo a jogo. Hora de os adeptos serem felizes? O nosso objetivo é ir jogo a jogo. Temos de ter os pés no chão e vamos continuar assim até ao último jogo do Campeonato”, acrescentou o central que voltou a ser capitão da equipa de Rúben Amorim.

Também o treinador não esqueceu os dias complicados do uruguaio, fazendo referência ao mesmo na análise a um encontro onde deixou reparos à primeira parte da equipa. “Quando estamos em desvantagem e o jogo a terminar temos esse receio [de não ganhar]. Foi diferente do primeiro jogo em Alvalade, o Sporting criou muitas mais situações. Acabámos por marcar na segunda parte, fizemos por isso e vencemos justamente. Fomos muito superiores na segunda parte mas não tão inferiores na primeira como o Gil Vicente na segunda. Ao intervalo tivemos de avisar os jogadores do que se estava a passar, claramente a intensidade foi mais baixa. Fizemos alterações e o que mudou foi fundamentalmente a mentalidade. E se não formos muito intensos não temos arcaboiço para ganhar o jogo, temos de correr muito”, assumiu na flash interview da Sport TV.

“O Seba [Coates] teve uma semana muito difícil, perdeu uma pessoa muito próxima, que se suicidou… Foi um momento bom e um momento que ele merece, porque é uma excelente pessoa e capitão. Se alguém merecia marcar era ele. A equipa teve humildade para ir mudando a sua atitude nos jogos mas agora é ver a primeira parte, pode acontecer em qualquer campo. Ficou provado que temos muito a trabalhar e a crescer. Se fosse eu a oito pontos, se dizia que quem estava à frente era o grande candidato? Mostraria aos meus jogadores se estivesse nessa posição a primeira parte que fizemos hoje com o Gil Vicente para mostrar que tudo pode acontecer. É olhar para esta primeira parte, é olhar para o empate em casa com o Rio Ave…”, concluiu o treinador leonino.