A agregação de pedrinhas espaciais poderá ter sido responsável pela formação dos protoplanetas que viriam a dar origem a Vénus, Terra e Marte, defende uma equipa da Universidade de Copenhaga (Dinamarca) e da Universidade de Lund (Suécia). No modelo desenvolvido pelos investigadores, a Terra teria tido água desde a sua formação e o mesmo pode acontecer com outros planetas rochosos, o que abre a porta para a existência de outros planetas semelhantes à Terra na nossa galáxia.

“O papel da acumulação de pedras para a formação de planetas terrestres ainda não é claro. Aqui, apresentamos um modelo em que os seixos que se movem para dentro alimentam o crescimento dos planetas terrestres”, escreveu a equipa de Anders Johansen, do Centro para a Formação de Estrelas e Planetas da Universidade de Copenhaga, no artigo publicado na Sciences Advances.

Imagine uma nuvem de poeira a girar em torno de uma estrela que mais tarde viríamos a chamar Sol. A agregação das partículas cobertas de gelo (como se juntasse pedaços de plasticina numa bola) permitiram a formação daquilo que viriam a ser os planetas rochosos do sistema solar, defendem os autores. À medida que o planeta crescia e aquecia, o gelo derretia e a água migrava para a superfície. É por isso que, hoje em dia, a Terra é composta por apenas 0,1% de água, apesar de a água cobrir 50% do planeta, diz o investigador Anders Johansen.

“Os nossos dados sugerem que a água fez parte dos blocos de construção da Terra desde o início. E porque a molécula de água é relativamente frequente, há uma probabilidade razoável de que o mesmo se aplique a todos os planetas da Via Láctea”, disse o investigador, citado em comunicado de imprensa. “O ponto decisivo para dizer se a água está presente é a distância do planeta à sua estrela.”

Com base no modelo desenvolvido, em que todos os planetas têm a mesma quantidade de água à partida, os investigadores defendem não só a existência de oceanos noutros planetas, como também a existência de continentes — dois pontos fundamentais para o surgimento de vida tal como a conhecemos. Mas toda a teoria cai por terra se a quantidade de água em cada planeta for totalmente aleatória.

A equipa de Anders Johansen aguarda assim a chegada da nova geração de telescópios que permita ver com mais pormenor os exoplanetas que orbitam estrelas longe do sistema solar.

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