O candidato do Presidente Joe Biden ao lugar de diretor da CIA, William Burns, disse esta quarta-feira que a China representa a maior ameaça aos Estados Unidos, prometendo manter a agência isolada de interferência política.
Num cenário internacional “cada vez mais complicado e competitivo”, a atitude “predatória” do Governo chinês representa “o nosso maior desafio geopolítico”, explicou o ex-diplomata de carreira, durante a audiência na comissão de inteligência do Senado, que deve aprovar a sua nomeação. “Como o Presidente Biden afirmou, ficar à frente da China será essencial para a nossa segurança nacional nas próximas décadas. Isso exigirá uma estratégia de longo prazo, clara e apoiada por todos, sustentada por reformas internas e inteligência fiável”, defendeu William Burns.
Para o homem que chefiará a CIA, o regime chinês é uma ameaça séria porque “reforça metodicamente as suas capacidades de roubar propriedade intelectual, reprimir o seu povo, assediar os seus vizinhos, estender o seu poder no mundo e aumentar a sua influência na sociedade americana”. Nos anos recentes, os serviços de inteligência chineses recrutaram vários agentes e diplomatas da CIA, ao mesmo tempo que conseguiram desmantelar uma rede de informantes que a inteligência norte-americana tinha montado na China.
Williams Burns, 64 anos, deve substituir Gina Haspel, a primeira mulher a liderar a CIA, cuja carreira foi prejudicada pelo seu polémico papel em programas de tortura após os ataques terroristas de 11 de setembro. Burns foi escolhido com a missão de restaurar a independência política da agência de inteligência, que o ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump é acusado de ter politizado, ao nomear pessoas da sua confiança para lugares da sua chefia.
“A política deve parar onde o trabalho de inteligência começa”, disse Burns, referindo-se à sua longa carreira no Médio Oriente e na Rússia. “Aprendi que os profissionais de inteligência devem dizer aos políticos o que devem ouvir, mesmo que não seja o que eles querem ouvir”, concluiu o ex-diplomata, que foi embaixador na Rússia, entre 2005 e 2008, tendo entrado para a reforma, onde passou a presidir à Fundação Carnegie para a Paz Internacional, um grupo de reflexão que fez uma parceria com uma universidade chinesa, num gesto criticado por alguns membros do Congresso.