“A investigação iniciou-se pela apreensão da meia tonelada cocaína, mas esse não é o nosso viés, o nosso fim“. Para a Polícia Federal, no caso do jato privado que transportava droga para Portugal e em que viajava João Loureiro, há muito mais a investigar do que aquele voo e “todos são suspeitos”, incluindo a tripulação. Não há exceções, nem uns são menos suspeitos do que outros.

Ao Observador, Elvis Secco, coordenador nacional de repressão às drogas, armas e fações criminosas da Polícia Federal brasileira, explicou que os investigadores estão a tentar determinar a origem da droga apreendida na fuselagem do Dassault Falcon 900 da Omni — terá vindo do Peru, Colômbia ou Bolívia — e clarificou mesmo o porquê de não ter havido detenções nesta fase inicial da investigação: as suspeitas que existem são circunstanciais. Uma das certezas que deixa também é que nem os sócios da empresa brasileira Lopes & Ferreira Assessoria Ltda — que na versão do antigo presidente do Boavista foi quem pagou a viagem — escaparão ao raide dos investigadores que, sabe o Observador, está a merecer a atenção especial das autoridades centrais brasileiras, dado o “modal aéreo” e a quantidade de droga encontrada.

A investigação é complexa, porque o Ministério Público brasileiro e a Polícia Federal têm de reconstituir tudo o que aconteceu antes da aterragem do Falcon 900 em Salvador da Bahia — onde a droga acabaria por ser apreendida –, perceber qual seria o seu destino final e quem lucraria com ela: “A partir da apreensão, outros factos mais são investigados”, começou por referir Elvis Secco, responsável daquela polícia com uma larga experiência no tráfico de droga e desmantelamento de redes criminosas. Secco não esconde ser um grande defensor da descapitalização patrimonial em casos de lavagem de dinheiro e da cooperação internacional, uma estratégia que, além de fazer escola em muitos países, tornou a Polícia Federal na que “mais sequestra património conseguido através de lavagem de dinheiro com o tráfico”.

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