A densidade competitiva não abrandou, a vontade de ganhar títulos também não. Após a conquista da Taça dos Libertadores, o Palmeiras de Abel Ferreira terminou o Mundial de Clubes no quarto lugar, acabou o Campeonato do Brasil já qualificado para a principal prova sul-americana na sétima posição, iniciou o Campeonato Paulista e teve também a final da Taça do Brasil de 2020. Teve e ganhou: no 20.º encontro em 60 dias de 2021, entre 6 de janeiro e 7 de março, o Verdão conquistou o segundo troféu com o português no comando técnico.
Desta forma, Abel torna-se apenas o terceiro treinador do Palmeiras a ganhar mais do que um título este século, após Luiz Felipe Scolari (Taça do Brasil em 2012, Campeonato em 2018) e Vanderlei Luxemburgo (Campeonato Paulista em 2008 e 2020) , dois dos maiores nomes entre técnicos brasileiros. E a possibilidade de fazer ainda mais história continua em aberto a breve prazo, tendo em conta que a equipa de São Paulo vai discutir com os argentinos do Defensa y Justicia a Supertaça Sul-Americana em abril, o que poderá render mais um troféu.
O treinador português que se estreou pelo Palmeiras no início de novembro leva um total de 37 jogos entre Campeonato do Brasil, Taça do Brasil, Taça dos Libertadores, Mundial de Clubes e Campeonato Paulista, com 18 vitórias, 11 empates, oito derrotas, 54 golos marcados e 27 consentidos. Tão ou mais importante numa perspetiva estatística também condicionada com o facto de jogar de três em três dias, o Verdão não sofreu golos em mais de metade dos encontros (18), o que valeu também o segundo troféu em quatro meses: depois de ganhar por 1-0 em Porto Alegre, o Palmeiras repetiu o triunfo pela margem mínima e fez a festa no Allianz Parque.
À semelhança do que já se tinha visto na primeira mão, o Palmeiras entrou melhor e mais “solto” – apesar de ter o calendário carregado na mesma e com jogos de três em três dias entre final do Campeonato do Brasil, Taça e início do Campeonato Paulista. Logo aos oito minutos, em mais uma saída rápida, Rony apareceu em boa posição na área mas Paulo Miranda conseguiu ainda fazer o corte; pouco depois, Raphael Veiga chegou mesmo a marcar mas o golo foi anulado por posição adiantada no início da jogada. Em desvantagem, o Grémio teve apenas uma oportunidade que podia ter levado perigo mas o remate de Diego Souza acabou nas mãos de Wéverton (25′). O conjunto de Abel Ferreira não estava em vantagem neste jogo mas conseguia gerir com olhos focados na baliza contrária, anulando até ao descanso qualquer hipótese para a formação de Porto Alegre reentrar na discussão do título.
O domínio do Palmeiras manteve-se mas desta vez com resultados práticos: aproveitando mais uma lance em que o Grémio não recuperou da melhor forma em termos defensivos, Raphael Veiga teve outra grande jogada individual pelo corredor central antes da assistência para Wesley inaugurar o marcador (54′). Abel Ferreira, que pouco antes tinha corrido toda a área técnica a protestar com um possível atraso de um defesa para o guarda-redes Paulo Vítor, pedia calma e concentração aos jogadores e essa atitude guerreira era bem visível em Rony, um ala e elemento de desequilíbrios que celebrava os cortes que ia fazendo em ações defensivas. Renato Gaúcho mostrava-se irritado no banco mas as substituições pouco ou nada acrescentaram ao Grémio, que sofreu ainda um segundo golo num contra-ataque iniciado por Rony, com assistência de Willian e golo de Gabriel Menino (84′). E também aqui Abel Ferreira teve mérito, com dois suplentes lançados em campo a fabricarem o 2-0 final.