Miguel Quintas, candidato à Câmara Municipal de Lisboa pela Iniciativa Liberal, considera que “a TAP é um buraco descomunal” e que não é “economicamente responsável meter mais dinheiro” na companhia aérea. A justificação surge na página de Facebook do candidato, dias depois de terem sido recuperadas as declarações do liberal, datadas de abril, sobre o facto de a nacionalização da TAP poder ser uma “excelente opção“.
Uma posição, em defesa da nacionalização da TAP, que atingiu em cheio uma candidatura que estava ainda a dar os primeiríssimos passos. Agora, perante, as críticas de que tem sido alvo, Miguel Quintas vem explicar: “O título do artigo não demonstra a plenitude da minha visão. É um título”, diz.
Num texto de nove pontos, Miguel Quintas, além de falar da TAP como um “buraco descomunal a caminho de mais de 4 mil milhões de euros” do qual “ainda nem se viu o fundo”, aponta armas ao Governo, que acusa de “continuar a insistir no mesmo caminho, sabendo que tal percurso apenas resultará numa ainda maior erosão da riqueza nacional”. Ou seja, argumenta, “caberá a todos nós, contribuintes individuais e empresas, pagar este mesmo erro”.
https://www.facebook.com/miguel.quintas.9028/posts/568542627404144
O candidato liberal recorda as palavras na SIC Notícias — que a IL partilhou com o título “Miguel Quintas expõe as TAPalhadas socialistas” — e insiste que “não é economicamente responsável meter mais dinheiro da TAP”, tal como diz também não ser “justo para as demais empresas da nossa economia receberem apenas uma mínima fração daquilo que se está a esbanjar com a TAP”. “Pior ainda, o Governo está a fazê-lo, aparentemente apenas por uma questão puramente ideológica”, aponta.
Em abril, em entrevista à revista Ambitur, quando era CEO de uma agência de viagens, Miguel Quintas não excluiu a nacionalização da TAP como hipótese:
A haver apoio, então acredito que o Estado venha (e deva!) pedir contrapartidas. A avaliar pelos montantes e pela importância (já atrás referida) da empresa para o país, pensar numa nacionalização não é de todo descabido. Tudo indica que poderá ser uma excelente opção para o desígnio nacional que a empresa tem. Cabe ao Estado fazer essa avaliação.”
A teoria mantém-se, o que mudou foi a realidade. Em teoria, mantém Miguel Quintas, O investidor deve “comprar ao melhor preço e ter uma estratégia para o ativo que está a comprar”. “Ou seja, no limite, uma intervenção pública numa empresa privada tem que ter o que se chama um ‘plano de saída’, o que o atual Governo fez no caso da EFACEC, muito recentemente”, notava então.
Agora a situação é diferente, ressalva o liberal. “Deveria o Estado assinar um cheque em branco? O nosso Governo pensa que sim e fê-lo. Eu não!”, deixou agora claro Miguel Quintas, distanciando-se da posição tomada pelo Governo socialista.
Defendendo-se das críticas de que tem sido alvo, Miguel Quintas insiste que “qualquer leitura mais atenta do artigo [da revista Ambitur] perceberá que a lógica é sempre de investimento e retorno, bem na linha de qualquer investidor avisado”.
Candidato da IL a Lisboa admitiu que nacionalização da TAP podia ser “excelente opção”