Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e Habitação, avançou com uma queixa-crime contra o acionista privado da Groundforce, Alfredo Casimiro, explicou ao Observador fonte deste ministério. Em causa está a divulgação de uma conversa privada entre ambos em que o tema em debate era a TAP. A gravação tem dois minutos e meio de duração e diz respeito a uma reunião mais alargada sobre a situação na Groundforce, conforme noticiaram o Jornal de Notícias e o Eco.
Ministro das Infraestruturas, Groundforce e TAP vão ser ouvidos no parlamento
Fonte oficial afirma que o ministro já avançou com participação criminal junto do Ministério Público. A gravação em questão terá sido feita sem o conhecimento do ministro e depois tornada pública.
Nessa conversa, Alfredo Casimiro pergunta ao ministro se Humberto Pedrosa, acionista privado da TAP, está a injetar dinheiro na companhia aérea em igual proporção face ao Estado.
À pergunta, Pedro Nuno Santos responde “não” e que o Governo está “a negociar ainda com Bruxelas”, que no quadro da reestruturação da TAP deverá ser exigido que parte, se não a totalidade, seja convertido em capital. O ministro admite que a participação do Humberto Pedrosa “vai evaporar, vai-se transformar em pó”.
A gravação foi feita no decorrer de uma reunião no passado dia 2 de março, no início das negociações entre o ministro e o empresário, de maneira a encontrar uma solução para os salários em atraso de 2.400 trabalhadores. Nela ainda se ouve Alfredo Casimiro a lamentar pelo facto de não se ter chegado a uma conclusão a propósito dos trabalhadores e pelo impacto negativo que a situação teve face ao próprio, ao ministro e até ao Estado.
Cerca de 500 trabalhadores da Groundforce manifestaram-se esta quarta-feira em frente à residência oficial do primeiro-ministro para pedir ao Governo que não deixe a empresa cair. O protesto acontece dias depois de ter sido conhecido que as negociações entre o acionista maioritário da empresa de “handling” (assistência nos aeroportos), a Pasogal, e a TAP, para um adiantamento de dinheiro que serviria para pagar os salários em atraso e para um empréstimo de 30 milhões de euros, falharam, uma vez que as ações de Alfredo Casimiro já estão penhoradas e não podem ser dadas como garantia. Ainda não se sabe qual será o futuro da empresa, mas os trabalhadores temem que seja pedida a insolvência.
O Observador está a tentar contactar o acionista da Groundforce, Alfredo Casimiro, mas até agora não obteve resposta.