A reabertura de livrarias, a partir de segunda-feira, marca o início do desconfinamento do setor cultural, e poderá permitir a reposição de 34% do mercado livreiro, segundo números da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).

De acordo com números avançados pela APEL, no final de fevereiro, o encerramento das livrarias representava uma perda de 34% das vendas.

A APEL reclamava então a abertura urgente das livrarias, apontando-as como “rampa de lançamento determinante para qualquer livro”, e como “motor e parceiro indispensável e insubstituível da edição, na divulgação dos livros, das suas novidades e do fundo de catálogo”.

Sem o dinamismo e iniciativa das livrarias, “a edição de novidades ou reedições” diminui “significativamente, pondo em causa, de uma forma profunda, a liberdade de expressão, pensamento e conhecimento”, com impacto negativo em toda a sociedade, escrevia a APEL no seu comunicado de 24 de fevereiro.

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Na altura, a reabertura das livrarias foi igualmente defendida por grupos editoriais como a Porto Editora e 20|20, que pediam a declaração do livro como um bem essencial.

Para o Grupo 20|20, “a abertura parcial”, com a possibilidade em vigor de venda de livros em grandes superfícies, como hipermercados e lojas como a Fnac, estava “longe de resolver os problemas de um setor que se encontra numa grave crise há quase um ano”.

Números do mercado livreiro, avançados ao longo do ano passado, apontaram para perdas na casa dos 70%, em termos de receitas, durante o primeiro confinamento, mesmo com a possibilidade de venda ao postigo, em comparação com dados de 2019.

No final de 2020, agentes do setor estimavam uma queda global de 17% do mercado do livro não escolar.

Durante as últimas semanas, alguns livreiros contactados pela Lusa viram sempre como “absurda” e “incompreensível” a impossibilidade de abrir ao público, desde 15 de janeiro, imposta às livrarias independentes, que vendem unicamente livros.

O Plano de Desconfimamento do Governo, anunciado esta quinta-feira pelo primeiro-ministro, em conferência de imprensa, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, “inicia-se a 15 de março e prolonga-se até 03 de maio”.

O anúncio de novas medidas de apoio, na sexta-feira, foi também avançado pelo primeiro-ministro.

No que ao setor da Cultura diz respeito, em 05 de abril podem reabrir museus, monumentos, palácios, galerias de arte e similares e, em 19 de abril, teatros, salas de espetáculos e cinemas, sucedendo-se às reaberturas possíveis a partir da próxima segunda-feira, que incluem livrarias, lojas de discos, bibliotecas e arquivos.

Também a partir de 19 de abril podem ser retomados os “eventos no exterior, sujeitos a aprovação da Direção-Geral da Saúde”.

Em 03 de maio, poderão voltar a realizar-se “grande eventos exteriores e interiores, sujeitos a lotação definida pela DGS”, o que pode vir a incluir festivais.

António Costa salientou que o processo de reabertura agora anunciado será “gradual e está sujeito sempre a uma reavaliação quinzenal, de acordo com a avaliação de risco” adotada.

“Essa avaliação de risco tem por base dois critérios fundamentais consensualizados entre os diferentes especialistas: por um lado, o número de novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias e, por outro lado, a taxa de transmissibilidade, medida através do famoso Rt”.

Assim, o chefe de Estado avisou que as medidas terão de ser revistas sempre que Portugal ultrapassar “o número de 120 novos casos por dia por 100 mil habitantes, a 14 dias, ou sempre que o nível de transmissibilidade ultrapasse o 1”.

O primeiro-ministro revelou ainda que “os ministros da Economia, do Trabalho, da Cultura e da Educação irão apresentar amanhã [sexta-feira] um conjunto de medidas de apoio às empresas, ao setor cultural, ao setor desportivo, em complementaridade às já adotadas até este momento”.