O Governo Português apresentou à Comissão Europeia um pedido para realizar um auxílio intercalar à TAP “que permitirá à companhia aérea garantir liquidez até à aprovação do Plano de Reestruturação.”

Os ministérios das Finanças e das Infraestruturas assinalam que “apesar de a TAP se encontrar em assistência ao abrigo do auxílio de Emergência e Reestruturação, no âmbito da negociação do Plano de Reestruturação entre Portugal e a Comissão Europeia, foi aceite que pudesse ser notificado um auxílio num montante máximo de 463 milhões de euros.”

Este montante reduzirá as necessidades de tesouraria previstas para 2021 e que constavam do Plano de Reestruturação, refere ainda o comunicado. Segundo o Plano de Reestruturação, as necessidades financeiras da TAP iam chegar aos 970 milhões de euros este ano. O documento previa que a transportadora ficasse com uma situação negativa de tesouraria já este mês, se não entrasse um novo apoio do Estado. Em 2020, a TAP recebeu um empréstimo de 1.200 milhões de euros do Estado que terá garantido as necessidades de liquidez da empresa até agora.

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Questionado sobre a modalidade deste novo apoio e os valores em causa, o Ministério das Finanças diz que “quer o montante efetivo, quer os restantes detalhes só poderão ser divulgados e apresentados após a apreciação por parte da Comissão Europeia, que se espera célere”.

Os 463 milhões de euros serão atribuídos ao abrigo do regime comunitário de compensação por danos sofridos devido à pandemia, distinto do quadro legal da reestruturação que está a ser discutida com os serviços da concorrência europeus.

Fonte oficial da Comissão Europeia confirma ter recebido a notificação de Portugal ao abrigo do artigo 107(2)(b) do Tratado Europeu e vai avaliar com prioridade o pedido ao abrigo das medidas associadas aos efeitos da pandemia. A DG Com indica que manterá contactos construtivos e próximos com as autoridades portuguesas sobre o plano de reestruturação em dezembro de 2020.

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O Governo espera que o presente auxílio possa ser brevemente aprovado de forma a “dar resposta mais imediata às necessidades de tesouraria da TAP. E sublinha que, como consequência, o montante de necessidades de tesouraria da companhia constante do Plano de Reestruturação deverá ser ajustado”.

Apesar de vir a ser incluído no bolo total das ajudas já previstas à TAP, sem representar uma ajuda adicional, este novo pedido vai ser avaliado de forma separada da discussão do plano de reestruturação. Neste quadro, Bruxelas vai avaliar se o plano está em linha com as exigências de reposição da viabilidade da empresa a longo prazo sem precisar de mais auxílios públicos no futuro.

Já a ajuda imediata de 463 milhões de euros à TAP, notificada esta sexta-feira por Portugal, será avaliada em função das regras europeias que permitem os países compensar empresas específicas pelos prejuízos diretamente provocados por um evento excecional como o surto de coronavírus.

Atualizado com resposta da Comissão Europeia.