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Diogo Gonçalves apareceu e pôs a cabeça de fora. E a equipa também (a crónica do Benfica-Boavista)

Este artigo tem mais de 3 anos

4.ª vitória seguida, 4.ª jornada consecutiva sem sofrer golos. Benfica venceu Boavista num jogo onde Seferovic bisou e Diogo Gonçalves brilhou, com duas assistências e exibição irrepreensível (2-0)

SL Benfica v Boavista FC - Liga NOS
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O jovem lateral foi muito acarinhado pelos colegas de equipa na sequência dos golos que criou

Getty Images

O jovem lateral foi muito acarinhado pelos colegas de equipa na sequência dos golos que criou

Getty Images

A expressão apareceu pela primeira vez há pouco mais de duas semanas, quando o Benfica foi eliminado pelo Arsenal nos 16 avos de final da Liga Europa. “São pancadas atrás de pancadas. Estamos numa crise, a equipa está a pôr a cabeça de fora e hoje podia ficar mais forte emocionalmente, mais confiante. Ao perder assim ainda fica pior”, disse Jesus. A expressão voltou a aparecer dias depois, na sequência da vitória com o Rio Ave, num tom mais positivo. “Pouco a pouco vamos pondo a cabeça de fora. Como pomos a cabeça de fora? É com vitórias”, disse Jesus. E a expressão surgiu novamente na segunda-feira, depois da vitória contra o Belenenses SAD. “A equipa está a crescer e a tirar a cabeça de fora da água”, disse Jesus.

Pôr a cabeça de fora, seja de fora da água ou não, é claramente a metáfora que Jorge Jesus encontrou para o período de retoma em que o Benfica se encontra depois do impactante surto de Covid-19 que afetou a equipa no arranque de 2021. Depois da eliminação europeia, a primeira ocasião em que o treinador encarnado usou a expressão, o Benfica iniciou um período de três vitórias consecutivas, contra Rio Ave, Estoril e Belenenses SAD, que não acontecia desde dezembro, que acabou por garantir a presença na final da Taça de Portugal e que coincidiu com seis jornadas da Liga com apenas um golo sofrido. Este sábado, na Luz e contra o Boavista, os encarnados tinham a possibilidade de alcançar a quarta vitória seguida, de continuar a perseguir os três primeiros e de, principalmente, provar novamente que a equipa está mesmo a pôr a cabeça de fora.

Ficha de jogo

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Benfica-Boavista, 2-0

23.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Benfica: Helton Leite, Diogo Gonçalves, Lucas Veríssimo, Otamendi, Grimaldo, Rafa (Chiquinho, 83′), Taarabt (Pizzi, 56′), Weigl (Gabriel, 56′), Pedrinho (Everton, 67′), Seferovic, Waldschmidt (Darwin, 56′)

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Gilberto, Vertonghen, Nuno Tavares

Treinador: Jorge Jesus

Boavista: Léo Jardim, Reggie Cannon, Devenish, Chidozie, Ricardo Mangas, Javi García (Hamache, 70′), Sauer (Show, 54′), Paulinho, Sebastián Pérez (Porozo, 54′), Angel Gomes (Benguche, 77′), Elis (Tiago Morais, 77′)

Suplentes não utilizados: Bracali, Gomez, Nathan, De Santis

Treinador: Jesualdo Ferreira

Golos: Seferovic (42′ e 52′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Weigl (29′), a Taarabt (39′); cartão vermelho direto a Chidozie (8′)

Mas, na antecâmara da partida, Jorge Jesus acabou por deixar um pequeno recado aos jogadores. Questionado sobre as eventuais saídas de Vlachodimos, Pizzi e Gonçalo Ramos no final da época, por alegado desagrado com o facto de jogarem menos em comparação com o ano anterior, o treinador lembrou que para estar “numa equipa grande” é necessário saber trabalhar com “concorrência”. “Isso dá vontade de rir, a mim e aos jogadores nomeados. O Pizzi só não fez quatro jogos por problemas de Covid. De resto, jogou sempre. É o jogador do Benfica com mais minutos. O Ody [Vlachodimos] estava a jogar. As mudanças na baliza são mais sensíveis. Achei que era o momento de mudar e mudei. Se está igualmente feliz e contente? Isso não existe, os jogadores são mais felizes quando jogam. Mas é assim numa equipa grande. Se queres jogar todos os domingos tens de estar numa equipa do meio da tabela para baixo. Se tens um nível alto e queres uma equipa com concorrência, é assim”, atirou Jesus.

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Ora, este sábado, o Benfica defrontava a equipa com que sofreu a primeira derrota da época na Liga, no início de novembro, quando golos de Angel Gomes, Elis e Hamache surpreenderam os encarnados no Bessa. Um mês depois, o Boavista trocou de treinador, trocando Vasco Seabra por Jesualdo Ferreira, e tem tentado recuperar uma época que começou com enorme expectativa e que está agora algo reduzida à luta pela manutenção. Na Luz, Jorge Jesus já podia contar com Darwin e Vertonghen, dois habituais titulares que falharam as últimas três partidas devido a problemas físicos e que estavam de volta aos convocados. Ainda assim, ambos começavam no banco: Otamendi e Lucas Veríssimo mantinham a titularidade no eixo defensivo, Waldschmidt e Seferovic mantinham a titularidade no ataque. Em comparação com o jogo anterior, o técnico só mexia no meio-campo e trocava Pizzi e Everton por Taarabt e Pedrinho, mantendo a aposta em Weigl e Rafa. Do outro lado, a grande novidade era Sebastián Pérez, colombiano emprestado pelo Boca Juniors que se estreou a marcar na jornada anterior.

Num jogo especial para Helton Leite e Javi García, que defrontavam respetivamente duas equipas que já representaram, o primeiro remate pertenceu ao Boavista, com Elis a atirar ao lado depois de aparecer a desequilibrar na esquerda (2′). A história da partida, porém, iria alterar-se depressa. Pedrinho lançou Waldschmidt, o alemão rodou e já seguia isolado para a baliza e sofreu falta de Chidozie: Manuel Mota começou por assinalar grande penalidade e mostrar o cartão amarelo ao central axadrezado mas, chamado pelo VAR a analisar as imagens do lance, acabou por considerar que a falta aconteceu fora da grande área. Ou seja, o penálti foi anulado e passou a livre e o amarelo de Chidozie passou a vermelho direto, deixando a equipa de Jesualdo Ferreira reduzida a dez elementos ainda dentro dos primeiros 10 minutos do encontro.

Em inferioridade numérica numa fase ainda tão embrionária do jogo, o Boavista fez o que lhe competia: Sebastián Pérez recuou e completou a linha defensiva de cinco, Angel Gomes também andou uns metros para trás para reforçar o meio-campo e Elis acabava por ser o elemento mais adiantado da equipa, numa partida de óbvio sacrifício em que raramente conseguia tocar na bola. Quanto ao Benfica, assumiu naturalmente a dianteira das ocorrências e tentou desmontar a barreira dos axadrezados, que colocavam praticamente todos os jogadores nos primeiros 30 metros do próprio meio-campo e iam ocupando as linhas de acesso à baliza de Léo Jardim. Os encarnados atacavam principalmente pelo corredor direito, através do entendimento entre Diogo Gonçalves e Rafa que depois combinava com Waldschmidt junto à grande área, e tinha algumas dificuldades em penetrar a defesa adversária pela faixa central.

Ao longo de toda a primeira parte, como seria de esperar, o Benfica acumulou oportunidades: Lucas Veríssimo cabeceou para a defesa do guarda-redes (15′), Seferovic desviou de cabeça ao lado (18′), Waldschmidt rematou cruzado para Jardim encaixar (21′), Seferovic teve outros três cabeceamentos perigosos (24′, 33′ e 38′) e Otamendi, também de cabeça, atirou por cima na sequência de um livre (37′). Ou seja, e à exceção da ocasião de Waldschmidt, os encarnados criavam principalmente lances a solicitar o jogo aéreo dos elementos que apareciam na área para contornar a impossibilidade de rematar à baliza, face ao bloco sólido que o Boavista colocava nas imediações da grande área. O tão procurado golo apareceu já perto do intervalo — Diogo Gonçalves arrancou na direita e entrou na área com a bola controlada, cruzou de forma tensa para a pequena área e Seferovic, sem oposição, atirou para dentro da baliza (42′).

O Benfica chegou ao intervalo com a vantagem mínima, numa primeira parte de claro sentido único e muito marcada pela expulsão de Chidozie, mas os cinco minutos de descontos não deixavam de ser um ligeiro alerta. Com a vantagem conquistada e à beira do final do primeiro tempo, a equipa de Jorge Jesus caiu em intensidade e ritmo, baixou as linhas e permitiu posse de bola ao Boavista, que se aproximou da grande área de Helton Leite e conseguiu discutir o jogo nesses últimos instantes. Os encarnados estavam a ganhar e estavam claramente por cima; mas bastava uma desatenção para que jogadores como Elis ou Angel Gomes pudessem fazer a diferença.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-Boavista:]

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e depressa se percebeu que a lógica da primeira parte iria prosseguir: o Benfica tinha bola, chegava à grande área adversária e impedia o Boavista de sair do próprio meio-campo. A única diferença foi que a equipa de Jorge Jesus não precisou de esperar tanto tempo para voltar a marcar e acabou por resolver praticamente o jogo ainda dentro dos primeiros 10 minutos da segunda parte. A dupla do primeiro golo repetia-se, Diogo Gonçalves voltava a tirar um cruzamento perfeito no corredor direito e Seferovic, à entrada da pequena área, cabeceou para voltar a marcar e para chegar ao 17.º golo da temporada (52′).

Jesualdo Ferreira reagiu ao segundo golo do avançado suíço com duas substituições, ao trocar Sauer e Sebastián Pérez por Show e Porozo, e Jorge Jesus respondeu com uma tripla alteração — entraram Pizzi, Gabriel e Darwin, saíram Taarabt, Weigl e Waldschmidt. A predileção do Benfica pela ala direita manteve-se, com Pizzi a juntar-se a Diogo Gonçalves e Rafa nos desequilíbrios daquele lado, mas a equipa reduziu a intensidade e a velocidade, mantendo o controlo de tudo o que acontecia mas sem o ímpeto demonstrado até aí. Os minutos foram passando sem grandes pontos de destaque, com os encarnados a manterem a posse de bola mas sem conseguirem chegar com perigo à baliza de Léo Jardim, Jesualdo lançou Hamache e Jesus apostou em Everton e a partida aproximou-se do final sem indicações de que algo fosse mudar.

Seferovic ainda voltou a marcar mas viu o hat-trick ser anulado pelo VAR, que considerou que o avançado suíço estava adiantado na altura em que Lucas Veríssimo fez um primeiro cabeceamento (77′). O Benfica venceu, somou a quarta vitória consecutiva e a quarta jornada seguida sem sofrer golos, num jogo em que beneficiou claramente da expulsão precoce de Chidozie para controlar toda a partida e não dar qualquer hipótese ao Boavista. Seferovic marcou duas vezes mas o destaque obrigatório do encontro vai para Diogo Gonçalves — que fez as duas assistências, que esteve irrepreensível tanto a defender como a atacar e que parece ter roubado oficialmente o lugar a Gilberto. Se o Benfica, como diz Jesus, está a pôr a cabeça de fora, então Diogo Gonçalves fê-lo definitivamente.

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