A Ordem dos Engenheiros veio em defesa do antigo presidente do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), Carlos Matias Ramos cuja defesa do Campo de Tiro da Alcochete para a localização do novo aeroporto de Lisboa foi atacada pelo presidente do conselho de administração da ANA.
Em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, José Luís Arnault citou Matias Ramos como uma das pessoas que “discutem de uma forma quixotesca esta questão dos custos” de construir um novo aeroporto em Alcochete versus a solução que a ANA quer implementar no Montijo. Arnault, que é advogado, afirmou mesmo: “Não vou entrar em discussões desse tipo com pessoas que respeito muito, mas que nunca construíram um aeroporto nem do Lego. A Vinci nos últimos quatro anos fez três aeroportos”.
A Ordem dos Engenheiros lembra que o gestor na mesma entrevista veio reclamar apoios públicos para a concessionária ANA (por causa dos prejuízos causados pelo Covid-19), “mudando radicalmente o discurso que assumia quando negócio corria bem”. E lamenta a “ligeireza das palavras e não pode permitir que os interesses de uma concessionária que colidem com os de Portugal, e por essa razão têm motivado polémica possam colocar em causa a credibilidade da engenharia nacional”.
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Arnault, que é advogado, equiparou o antigo presidente do LNEC ao ex-primeiro ministro socialista que aceitou as conclusões do estudo feito pelo LNEC e mudou o local do novo aeroporto. Em 2008, Carlos Matias Ramos enquanto presidente do LNEC foi o principal responsável pela comparação que colocou o Campo de Tiro de Alcochete à frente da Ota, até então defendida pelo Executivo.
“As únicas duas pessoas que de uma forma quixotesca defendem o aeroporto de Alcochete são Matias Ramos e José Sócrates”.
Para a Ordem dos Engenheiros, as declarações de José Luís Arnault colocam em causa as competências técnicas e credibilidade profissional do antigo bastonário, destacando a longa e prestigiada carreira em várias áreas de engenharia que sempre serviu a causa pública.
Arnault sustentou que na comparação dos custos entre as duas soluções aerportuárias é preciso incluir encargos que só existem para o Campo de Tiro, como expropriações de terrenos, custos de acesso e de material circulante (comboio para Lisboa) e refere uma estimativa da própria ANA que aponta para sete mil milhões de euros que compara com os 600 milhões de euros previstos para a primeira fase de um aeroporto complementar no Montijo (sem no entanto incluir na fatura o que a concessionária está a investir na Portela). Também os prazos de execução, segundo o presidente da ANA, jogam a favor do Montijo — quatro anos versus oito a dez anos que demoraria implementar um novo aeroporto.
Estas declarações surgem depois de o Governo ter anunciado uma avaliação ambiental estratégica que vai comparar o Montijo, enquanto aeroporto complementar e como principal infraestrutura apoiada pela Portela, com a construção de um aeroporto de raiz no Campo de Tiro de Alcochete.