Os citadinos, tipicamente veículos com cerca de 3,5 metros de comprimento, motores pouco potentes e preços acessíveis, têm cada vez mais dificuldade em atrair um volume de clientes digno desse nome ou, pelo menos, capaz de viabilizar o investimento. Para produzir o Aygo que ainda está à venda, a Toyota associou-se à Peugeot e à Citroën, mas as suas parceiras da PSA já fizeram saber que o Peugeot 108 e o Citroën C1 não vão ter sucessor. E não estão sozinhos, uma vez que também a VW não vai lançar o próximo up!, o mesmo acontecendo com os “irmãos” Seat Mii e Skoda Citigo. Mas a Toyota queria continuar a fabricar o Aygo e com isso salvar a fábrica que possui na República Checa – agora que comprou a quota dos franceses -, pelo que se viu obrigada a ser criativa.

Impossibilitada de investir numa nova plataforma, devido à ausência de parceiros, o construtor nipónico começou por deitar mão à GA-B, a mesma que utiliza no novo Yaris. Apesar de ter reduzido a distância entre eixos de 2,56 m (do Yaris) para 2,43 m, o sucessor do Aygo irá ainda ter os eixos separados por mais 9 cm do que até aqui. Também em termos de comprimento seria difícil respeitar os 3,465 m do actual Aygo, o mesmo acontecendo com a largura, pelo que era fundamental justificar o incremento de dimensões do sucessor do Aygo, bem como acomodar um custo mais elevado.

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O truque do construtor japonês para materializar este aparente milagre consistiu em fazer evoluir o Aygo de citadino, necessariamente mais pequeno e barato, para um SUV do mesmo segmento, tradicionalmente maior, mais volumoso e mais caro. A Toyota baptizou-o Aygo X Prologue, como protótipo que é, mas o mais provável é que a versão definitiva venha a assumir a denominação Aygo Cross, em linha com o Yaris Cross, que em breve chegará ao mercado.

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Com 3,7 m de comprimento, o Aygo X Prologue é maior, mais largo e mais alto do que o actual Aygo, mas fica abaixo dos 3,95 m do Yaris, o que leva a pressupor que o mesmo acontecerá com o preço. O que é fundamental para que a fábrica Checa fique ocupada a 100%. Se em 2019 esta linha de produção gerou apenas 203 mil unidades dos três citadinos, longe dos 339 mil que montou em 2009, a realidade é que os japoneses necessitam de vender bem mais do que os 99 mil Aygo que transaccionaram em 2019 e o SUV – a Toyota apelida-o de crossover, uma espécie de SUV mais civilizado – é precisamente o modelo que pode tornar esta ambição numa realidade.

Um SUV com ar de coupé

Com uma base comprida e larga, associada à necessidade de conceber um veículo o mais pequeno possível, o Aygo X Prologue tem as quatro rodas nos extremos da carroçaria, guarda-lamas com alargamentos volumosos e um pilar traseiro muito inclinado, para diminuir o espaço interior e reforçar o dinamismo do modelo.

Os elementos que definem o SUV, ou crossover se preferirem, estão lá todos, a começar por aquilo que parecem protecções inferiores à frente e atrás, pintadas de preto para as realçar, tom que também surge nos guarda-lamas e no pilar traseiro, uma vez que os Aygo X exibem duas cores distintas na carroçaria. A frente é igualmente curiosa, com uns grupos ópticos muito arrojados e unidos entre si, além da ausência de grelha no local habitual, com as entradas de ar para a refrigeração e alimentação do motor a existirem apenas na zona inferior do pára-choques.

Há pormenores no protótipo que dificilmente passarão à produção em série, a começar pela ausência de pilar central e as portas sem aros superiores, soluções que melhoram a estética mas fazem elevar os custos de produção do modelo. O mais provável é a Toyota adoptar a mesma solução do C-HR, com pilar central pintado de preto e os fechos da porta posterior dissimulados no pilar traseiro.

Informações sobre as mecânicas ainda não há mas, uma vez que a plataforma é a mesma que serve o Yaris e o Yaris Cross, todos os motores que equipam estes modelos poderão estar disponíveis. Face ao posicionamento do Aygo X Prologue, a mecânica mais acessível deverá ser o motor 1.5 do Yaris a gasolina, podendo depois surgir uma versão híbrida, necessariamente mais cara, mas com consumo inferior. Aquele que deverá ser o Aygo Cross deverá chegar ao mercado no final de 2021.