“Situação mais difícil”, “parecida àquela que o país sofreu após o Natal”. Não são boas notícias, mas é o prognóstico de Christian Drosten, virologista que tem aconselhado o governo alemão durante a pandemia. Após a Páscoa, os casos deverão disparar na Alemanha. Variante britânica ajuda a explicar.
Em entrevista ao podcast Coronavirus-Update da NDR (canal público alemão), Christian Drosten divulgou ter a mesma opinião de que os especialistas do Instituto Robert Koch que anteveem uma subida de casos no início de abril, devendo a Alemanha novamente superar as 30 mil infeções diárias. “Este ponto de vista não é apenas de professores individuais, é a visão oficial do que está à nossa frente nas próximas semanas”, revela. E os números mais recentes parecem confirmar a tendência. Nas últimas 24 horas, o país registou 17.504 novas infeções de Covid-19, o maior número desde o início de janeiro.
A variante britânica, que já representa mais de 50% dos casos na Alemanha, é apontada como a principal responsável pelo aumento das infeções. E o especialista defende que esta nova variante não só se tornou mais transmissível, como também mais perigosa — sendo, por conseguinte, mais “difícil” de controlar.
Vacina da Astrazeneca suscita dúvidas, mas é necessária
Para o virologista, as autoridades de saúde alemãs fizeram bem em suspender a vacina da Astrazeneca: “O problema da formação de coágulos sanguíneos tem de ser levado a sério e tem de se estudar o assunto”. No entanto, Christian Drosten salienta que o país “necessita” daquele imunizante e só assim poderá prosseguir com a vacinação em massa: “Temos que fazer de tudo para conseguir vacinar o mais rapidamente toda a população”.
E, contrariamente ao que tem vindo sido defendido por alguns especialistas, Christian Drosten considera que a vacinação periódica contra a Covid-19 não será necessária para a maioria da população: “Julgo que depois de uma atualização inicial, as vacinas podem permanecer eficazes durante muito tempo”.