Armando Soares, presidente do PSD/Oeiras, formalizou o apoio à candidatura independente de Isaltino Morais. Num artigo de opinião publicado no Observador, o dirigente social-democrata defende que o partido deve ter “memória” e orgulho no legado de Isaltino Morais, sugerindo que o PSD “só pode estar ao lado das pessoas” — e as pessoas estão ao lado do atual presidente da Câmara Municipal de Oeiras.
O tema foi amplamente discutido na reunião da Comissão Política Nacional (CPN) do PSD, que decorreu na noite de segunda-feira, que junta a cúpula social-democrata. Apesar de existirem diferentes leituras — dirigentes há que entendem que o PSD deve apresentar candidato próprio e outros que entendem que o melhor é apoiar o independente Isaltino –, terá vingado uma opção: respeitar a decisão das estruturas locais.
Tanto a concelhia como a distrital do PSD/Lisboa, sabe o Observador, entendem que seria prejudicial para os interesses do partido apresentar uma candidatura que se batesse de frente com Isaltino Morais.
Tal como explicava aqui o Observador, a convicção que existe no partido é de que é impossível separar as águas entre quem é do PSD e quem apoia Isaltino Morais, uma vez que quer as personalidades de Oeiras, quer o eleitorado que apoia o autarca e o partido são, em muitos casos, confluentes.
Faltando ainda o ‘ok’ formal, para que esta solução se concretize é preciso que Isaltino Morais abdique de apresentar candidatos a determinadas juntas de freguesia para permitir ao PSD entrar nesse espaço. Arredado do poder desde 2013, seria uma forma de os sociais-democratas reconquistarem influência numa das principais autarquias do país.
E aqui entra um fator não menos importante: Isaltino Morais já deu a entender que, vencendo estas eleições, o próximo ciclo será o último como autarca. Se o PSD recuperar peso na Câmara, estaria na pole position para, em 2025, tentar ganhar em definitivo a autarquia de Oeiras.
Não é de estranhar, por isso, que Armando Soares termine o seu artigo de opinião com a palavra: “Unir”. Depois de recordar a relação conturbada entre o partido e Isaltino Morais, não poupando críticas a Luís Marques Mendes, que, como líder do PSD, retirou a confiança política ao autarca, o presidente do PSD/Oeiras recorda os méritos da presidência da autarquia, quer na evolução do concelho quer na resposta à autarquia, e termina traçando o guião.
“Tudo isto é fruto do trabalho em equipa, naturalmente sempre com a presença de social democratas, mas cuja indiscutível liderança a Isaltino se deve. (…) Chegados a 2021, o PSD em Oeiras profundamente personalista, interclassista e humanista, só pode estar ao lado das pessoas. Essa tem que ser a política que conta, para mais nos tempos duros que vivemos. Unir.”