O novo reitor da Universidade da Madeira (UMa), Sílvio Fernandes, alertou esta quarta-feira para a “fuga de cérebros” da região, sublinhando que é necessário inverter a tendência dos candidatos madeirenses ao ensino superior saírem para estudar fora da ilha.
“Pode parecer irónico, mas o mito associado à declaração ‘sair para crescer’, que parece condicionar as escolhas dos estudantes madeirenses, tem de ser questionado”, disse Sílvio Fernandes, no discurso de tomada de posse, no Auditório da Reitoria, no Funchal.
O novo reitor indicou que a UMa regista uma atratividade de 40% relativamente aos estudantes que se candidatam ao ensino superior e disse que é necessário “inverter o sentido e a força dos argumentos tomados como verdades adquiridas”, que remetem os jovens para a realização dos estudos fora da ilha.
A tendência em apelar a uma saída para fora contribui para a concomitante fuga de cérebros da nossa região para o continente português, cavando ainda mais o fosso da assimetria entre esta e as outras regiões, providenciando riqueza e quadros a essas mesmas regiões”, alertou.
Sílvio Fernandes disse que os candidatos ao ensino superior devem escolher a UMa para realizar os seus estudos, pois podem sair diretamente para a Europa, no âmbito de programas como o Eramus +.
“À falta de uma política mais eficaz de mobilidade de estudantes do país que faça diminuir a excessiva concentração nos grandes centros urbanos, preferimos que os nossos estudantes aqui permaneçam, mas com esta ligação ao mundo global”, declarou.
De acordo com o novo reitor, que substitui José Carmo no cargo, a Universidade da Madeira registou um crescimento no número de alunos no ano letivo 2020/2021, que passou de 2.799 para 3.156, mas o aumento poderá ter resultado das restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
Sílvio Fernandes lamentou, por outro lado, o “crónico subfinanciamento” da Universidade da Madeira e a sua “longa história” de não acesso a alguns fundos comunitários, nomeadamente destinados à rotatividade, à modernização administrativa, à transformação digital e à internacionalização.
O novo reitor também criticou a Assembleia da República por ter reprovado uma proposta de majoração orçamental, na sequência de um estudo elaborado pelos reitores das universidades da Madeira e dos Açores.
“A proposta de majoração foi paradoxalmente reprovada, protelando uma situação que, no caso da nossa universidade, coloca a sua gestão em sérias dificuldades”, disse Sílvio Fernandes, apelando à intervenção das autoridades regionais no processo de financiamento.
“Existem três instrumentos para atingir este objetivo: ou através da majoração, ou através de contrato-programa, ou através da Lei das Finanças regionais”, exemplificou.
A Universidade da Madeira tem atualmente acreditadas 21 licenciaturas, 20 mestrados e oito doutoramentos, bem como 14 cursos técnicos superiores profissionais.