As réplicas do terramoto que foi o anúncio da criação da Superliga já começaram a sentir-se e poderão afetar o Europeu 2020, marcado para junho e julho deste ano. Cumprindo uma ameaça da FIFA, a UEFA reafirmou que os jogadores que atuem pelos clubes pertencentes à Superliga não poderão “representar as respetivas seleções nacionais”.
“Os jogadores que entrem nessa liga [Superliga] serão banidos de entrar em Mundiais e Europeus. Pedimos a todos que nos apoiem para garantir que isto nunca aconteça”, garantiu Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, em conferência de imprensa nesta segunda-feira, onde também descreveu a Superliga como “um disparate de projeto”.
Isto significa que jogadores como Cristiano Ronaldo (Juventus), Bruno Fernandes (Manchester United), Bernardo Silva (Manchester City) e João Félix (Atlético de Madrid) poderão vir a ser impedidos de vestir o emblema das quinas na competição europeia — e de defender o título de campeões europeus.
É claro que outras seleções também serão afetadas. Se olharmos para os adversários de Portugal no Grupo A do Euro2020, a medida, a ser aplicada, vai prejudicar a Alemanha, mas nunca tanto quanto França, que pede 14 jogadores, incluindo o capitão Hugo Lloris.
Seleção portuguesa pode perder dez jogadores
Tendo em conta a última convocatória, a seleção nacional poderá perder sete jogadores, incluindo o capitão da seleção nacional, Cristiano Ronaldo, que, no rescaldo do jogo com a Sérvia a contar para a qualificação do Mundial de 2022, disse nas suas redes sociais que ser “capitão da seleção é um dos maiores orgulhos e privilégios da minha vida. Dou e darei sempre tudo pelo meu país, isso não vai mudar nunca”.
Habitualmente titulares, Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva do Manchester City poderão não vestir o emblema das quinas. De Inglaterra, também Bruno Fernandes, que joga no Manchester United, poderá ser impedido de jogar por Portugal, tal como Diogo Jota, que atua no Liverpool, e Cédric Soares, jogador do Arsenal.
Em Espanha, João Félix, a jogar pelo Atlético de Madrid, também não poderá representar Portugal em nenhuma competição europeia nem mundial. Juntam-se ainda os nomes de Trincão, do Barcelona, e de Dalot e Rafael Leão, que jogam em Itália, no A.C. Milan.
Seleção francesa é a mais prejudicada: pode perder 14 jogadores
França talvez seja das equipas mais prejudicadas, caso a Superliga avance e a UEFA cumpra a ameaça. Adversária de Portugal no Grupo A do Euro2020, a campeã do mundo poderá perder 14 jogadores habitualmente titulares.
O capitão da equipa, o guarda-redes Hugo Lloris do Tottenham, não poderá vestir o emblema gaulês. A atuar em Inglaterra, nomes como Tanguy Ndombele, Moussa Sissoko (ambos do Tottenham), Kurt Zouma, Olivier Giroud (que jogam no Chelsea) e Anthony Martial e Paul Pogba (Manchester United) poderão não jogar pela seleção francesa no Europeu.
A jogar em clubes espanhóis, também poderão ser impedidos de participar no Euro2020 Raphaël Varane e Ferland Mendy, que jogam no Real Madrid. Do Barcelona juntam-se Antoine Griezmann, Ousmane Dembélé e Clément Lenglet, bem como Thomas Lemar, a jogar no Atlético de Madrid. Adrien Rabiot, que atua na Juventus, também poderá ter o mesmo desfecho.
Seleção alemã é a menos afetada
Outra das seleções adversárias de Portugal no Euro2020 é a Alemanha, que poderá deixar de contar com alguns jogadores mas nem todos titulares, como os guarda-redes Marc-André ter Stegen (que joga no Barcelona) e Bernd Leno (que atua no Arsenal), habituais suplentes do capitão Manuel Neuer.
Nomes como Antonio Rüdiger, Kai Havertz e Timo Werner, os três a jogar no Chelsea, poderão ser impedidos de participar em competições europeias e mundiais, bem como İlkay Gündoğan, que atua no Manchester City. Apesar de já não ser titular na seleção alemã, Toni Kroos a jogar pelo Real Madrid, também não poderá vestir o emblema germânico.
A.C. Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham são os doze “clubes fundadores” da Superliga. A UEFA conta com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países, para combater a criação da Superliga europeia.