Pela primeira vez este semestre Karolline Krambeck, professora de Tecnologia Farmacêutica na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, voltou ao laboratório para dar aulas a um grupo de dez alunos. Foi o regresso do regime presencial, uma das medidas aplicadas com a nova fase de desconfinamento que teve início esta segunda-feira. “Está a correr muito bem. Os alunos estão contentes, estão todos com distanciamento e máscara. Assim é muito mais produtivo”, revela ao Observador.
Desde fevereiro que as aulas eram dadas online, algo que a docente diz compreender que tivesse de acontecer, face à gravidade da situação epidemiológica, mas que constituía um grande obstáculo, sobretudo num curso como o de Ciências Farmacêuticas. “Eles precisam mesmo da componente prática”, sublinha. Nas bancadas do laboratório há frascos de álcool-gel em cada canto, as portas estão sempre abertas e o uso de máscara permanece obrigatório.
Margarida Mateus, estudante do 3.º ano, também voltou à faculdade, três meses depois. E não tem dúvidas: “É muito melhor estar aqui. Toda a gente tinha saudades. Já não estávamos aqui há mesmo muito tempo. Acaba por ser bom também para rever as pessoas e estarmos mais em convívio, claro que dentro do estipulado, de acordo com as regras. Mas acaba por ser diferente estar com pessoas numa sala e estar sozinha em casa a assistir às aulas”.
No caso destes alunos, há um regime misto que foi implementado: alguns têm aulas presenciais, enquanto outros continuam a frequentar o regime online. Alguns dias depois, invertem-se os papéis. “Geralmente estamos divididos por dias. Sentimo-nos seguros porque acabamos por não vir aqui tanto tempo, uma vez que só temos aulas presenciais em alguns dias”, acrescenta Margarida.
Também Helena Ferreira, estudante do 2.º ano, garante que se sente segura com todas as regras de segurança implementadas e volta a sublinhar a importância do regresso das aulas práticas. “Em casa, por mais que se tente, nunca conseguimos aprender nem perceber tão bem a matéria, muito menos na parte de laboratório”, refere. Miguel Carneiro partilha da mesma opinião e não esconde as “saudades que tinha de ver pessoas”.
No meu caso, e no caso dos colegas do meu ano, já aconteceu isto no semestre passado: praticamente metade do tempo foi passado em casa, ou seja, não aprendemos tanto. Agora estamos a vir à faculdade turno par, turno ímpar. O meu turno é o ímpar e agora só venho cá daqui a 15 dias”, explica ao Observador
Universidade do Porto regressa com regime misto e testagem em massa
Ainda antes do regresso das aulas presenciais — mas a pensar nelas — a Universidade do Porto começou um programa de testagem à Covid-19 para toda a comunidade académica, composta por quase 37 mil pessoas. Os testes rápidos de antigénio são gratuitos e voluntários e até à manhã desta sexta-feira tinham sido contabilizado 1.800 testes, nenhum positivo.
Covid-19. Universidade do Porto arranca com programa de testes a estudantes e profissionais
O regresso ao regime presencial foi também assinalado na Faculdade de Farmácia com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e do reitor da UP e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António de Sousa Pereira. “A ideia foi reproduzir agora o que tinha sido feito no início do ano letivo. Há uma concentração de esforços nas atividades que visam a aquisição de competências que não possíveis de atingir através de um ensino à distância, mas há também uma preocupação muito grande com a manutenção da segurança”, referiu António de Sousa Pereira.
Há um conjunto de atividades que irão decorrer num modelo misto, ou seja, com parte dos alunos presencialmente e outros alunos à distância a assistir, de maneira a garantir existência de condições de segurança dentro dos edifícios”, acrescenta o reitor da UP..