A Guiné-Bissau tem já qualificados três atletas para os Jogos Olímpicos Tóquio2020 e espera ainda apurar outros dois, disse esta quarta-feira à agência Lusa o presidente do Comité Olímpico do país, Sérgio Mané.

Os lutadores Augusto Midana, nove vezes campeão africano e presente nos últimos três Jogos, tendo como melhor resultado o sétimo lugar em Londres2012, e Diamantino Fafé já asseguraram as presenças nas competições de -74kg e -54kg, respetivamente, assim como a judoca Taciana Baldé (-48 kg).

De acordo com Sérgio Mané, podem juntar-se à Missão guineense o lutador Mbunde Imbali, que vai tentar o apuramento para a prova de -74 kg, em maio, na Bulgária, e a atleta do Sporting Jessica Inchude, no lançamento do peso, que foi 36.ª no Rio2016.

O presidente do Comité Olímpico da Guiné-Bissau assumiu à Lusa ter “muita expectativa” de que o país, “finalmente, vá alcançar uma medalha olímpica”, pela forma como os três atletas se qualificaram.

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“Mas também não deixa de ser a nossa ambição, como referimos em várias ocasiões, que temos esperanças que em Tóquio, a Guiné-Bissau consiga pela primeira vez uma medalha olímpica. Temos quase a certeza de que isso poderá acontecer, porque os atletas estão determinados e os resultados alcançados até aqui falam por si. Tudo pode acontecer. Sabemos que não é uma tarefa fácil”, observou Sérgio Mané.

A esperança de Mané reside na judoca Taciana Lima, “pela forma como se tem vindo a bater após a maternidade”, no jovem Diamantino Fafé, “que aos 20 anos, ainda júnior, qualificou-se de forma fulgurante” para os Jogos Olímpicos e no experiente Augusto Midana, “que já vai na sua quarta participação”.

O dirigente reconhece Augusto Midana “como um verdadeiro herói da Guiné-Bissau”, por ser, disse, nove vezes campeão africano da sua categoria.O presidente do Comité Olímpico guineense adiantou à Lusa que o Governo vai atribuir uma distinção a Midana e Fafé pelo apuramento olímpico, o que será convertido ao equivalente a cinco mil euros para cada um.

Midana, de 35 anos, reconheceu a possibilidade de alcançar uma medalha, apelando a uma “preparação rigorosa num país com outras condições de treino que não Bissau”, onde o Comité Olímpico conta realizar a preparação dos atletas. O atleta, que ainda vive na sua aldeia de Sucuto, em Nhacra, a cerca de 30 quilómetros de Bissau, pediu “outro tratamento” para um atleta que já representou a Guiné-Bissau três vezes e vai para quarta participação olímpica.

Instado pela Lusa a explicar o que significa “outro tratamento”, Midana disse ser possível “lutar e ganhar em nome da Guiné-Bissau”, desde que tenha o pensamento focado apenas nos jogos, sem se preocupar com a família em Sucuto, mesmo estando no Japão.

“Temos família. É preciso deixar algo para a família quando vais para os Jogos Olímpicos. Agora não é como dantes, que mal deixas o país perdes todo o contacto com a tua família na tua comunidade, agora é possível estabelecer comunicação com a família, mesmo estando nos Jogos Olímpicos”, observou Midana.

“Imagina que estás nos Jogos e recebes uma chamada da família a informar-te que algum membro está doente, ou há um problema, não terás a tranquilidade, estarás com o pensamento na tua família”, vincou o atleta, que se diz curado do problema da clavícula que teve no ano passado.

Sobre Diamantino Fafé, a nova ‘coqueluche’ guineense na luta, que venceu o torneio de apuramento para África e a Oceânia, que decorreu na Tunísia, já este mês, o ‘veterano’ Midana disse esperar “grandes feitos” e não vê ninguém da sua categoria capaz de o derrotar em África.

Fafé venceu a competição ao derrotar o argelino Abdelhak Kherbache, por 4-2, na final, depois de ter superado o marroquino Chakir Ansari, por 10-0, nas meias-finais, o nigeriano Ebikewenimo Welson, por 6-5, nos quartos de final, e o egípcio Gamal Mohamed, por 6-1, no primeiro combate.

Os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados um ano devido à pandemia de Covid-19, vão realizar-se de 23 de julho a 8 de agosto.