Na noite em que Frances McDormand venceu o terceiro Óscar de Melhor Atriz, subiu ao palco e, para espanto de muitos e incompreensão de tantos outros, uivou. A atriz de 63 anos fez companhia à realizadora Chloé Zhao no momento de receber a estatueta dourada de Melhor Filme por “Nomadland” e, depois de pedir ao público que visse o filme “no maior ecrã possível”, num claro incentivo ao regresso aos cinemas, emitiu um uivo que, posteriormente, se veio a saber ser uma homenagem.

Esta foi a forma que Frances McDormand encontrou para prestar homenagem a um amigo e colega que morreu nos primeiros meses do ano — Michael Wolf Snyder, editor de som de “Nomadland”, que se suicidou em março, aos 35 anos. Synder trabalhou ainda com Chloé Zhao no filme de 2017 “The Rider”.

O corpo foi encontrado pelo pai no apartamento onde Snyder vivia em Queens, Nova Iorque, depois de vários dias incontactável. Segundo uma nota partilhada pelo pai na rede social Facebook, o editor de som sofria de uma grave depressão há vários anos. “De certeza que foi difícil para Michael ter passado a maior parte do ano passado sozinho no seu pequeno apartamento”, escreveu.

“Apesar disso, todos acreditámos que ele estava bem e, durante a maior parte do ano passado, acho que estava”, acrescentou o pai, citado pela Variety. “Ele parecia especialmente alegre e revigorado nestes últimos meses, já que conseguiu voltar a trabalhar em vários projetos de filmes diferentes. (…) Ele estava certamente entusiasmado com todos os elogios feitos a Nomadland e contou-nos muitas histórias felizes sobre o seu trabalho no filme e as pessoas incríveis com quem passou tempo.”

Num comunicado após a morte de Michael Wolf Snyder, McDormand deixou a seguinte nota: “Wolf gravou os nossos batimentos cardíacos. Cada respiração nossa. Para mim, ele é o Nomadland”.

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