Associar o mundo automóvel ao sexo masculino é coisa do passado. As mulheres reclamaram, e conquistaram, o seu espaço neste universo, ocupando lugares de relevo, da competição à imprensa, passando pela instrução e pela engenharia. Um desses exemplos é o de Simone Carvalho, jornalista e editora da secção Auto do Observador. Com 17 anos de experiência nesta especialidade, é uma das vozes mais destacadas no que diz respeito ao jornalismo automóvel em Portugal.

Embora as mulheres continuem em minoria, Simone Carvalho não tem dúvidas de que a porta está aberta: “É um facto que este universo é tipicamente associado ao género masculino, mas aquilo que a realidade de hoje nos mostra é que as mulheres conseguem vingar e fazer carreira nesta área, se a isso se propuserem”, afirma. No jornalismo, há mais homens por “uma questão de opção pessoal e de vocação profissional”. Algo distinto do que acontecia “há uma ou duas gerações, quando o número de mulheres com carta era menor, o que limitava o seu interesse por veículos”, recorda a jornalista.

Do mérito não restam dúvidas, aliás, já que muitas são as mulheres que, sobretudo na última década, têm chegado a cargos de topo. “A General Motors, um colosso da indústria automóvel, é liderada desde 2014 por uma mulher, Mary Barra. Numa outra escala, Linda Jackson esteve à frente da Citroën de 2014 a 2020 e, após a fusão da PSA com a FCA, dando origem à Stellantis, passou para os comandos da Peugeot”, enumera a jornalista.

Em Portugal também há casos de sucesso: Elvira Fortunato e Maria Helena Braga evidenciam-se na investigação, enquanto “há muitas mulheres a ocupar cargos relevantes na estrutura das diferentes marcas, sobretudo na área da comunicação e do marketing, o que indicia que ‘elas’ sabem tão bem quanto ‘eles’ como comunicar determinado veículo e atrair potenciais compradores”, reitera.

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“As marcas automóveis estão conscientes da importância da mulher”

Mais do que nunca, as marcas aprenderam a comunicar com o público feminino. “Ao contrário daquilo que muitos possam pensar, as marcas automóveis estão plenamente conscientes da importância da mulher”, atesta Simone Carvalho. Uma preocupação relacionada, em parte, com os estudos que revelam que “não só os carros são cada vez mais comprados por mulheres, como as mulheres influenciam em mais de 80% a decisão de compra”, salienta a jornalista.

Já no que diz respeito à conceção do automóvel propriamente dito, essa preocupação não existe, nem faz sentido: “Um Lamborghini qualquer — o Aventador, o Urus ou o Huracán. São todos possantes, agressivos e lindos de morrer. Terão sido projetados a pensar nos homens? É possível, mas há alguma mulher que não gostasse de ter um?”, indaga Simone Carvalho.

Mulheres jornalistas atribuem o Prémio International Women’s Car of the Year

Sandy Myhre, jornalista do setor automóvel na Nova Zelândia, criou, em 2009, a distinção Prémio International Women’s Car of the Year. O objetivo é definir os melhores carros do ano, sendo o júri composto exclusivamente por mulheres jornalistas da especialidade. Atualmente, o júri é composto por 48 mulheres de 38 países, incluindo Portugal. Os atributos tidos em consideração são os habituais, e vão desde a segurança à facilidade de condução, equacionando ainda a pegada ecológica, pelo que não visa premiar um “carro para mulheres”. Até porque isso não existe.

“O Women’s World Car of the Year é um exemplo flagrante de que não há carros para homens e carros para mulheres”, afirma Simone Carvalho, dando como exemplo os vencedores da última edição. “As juradas distinguiram com o galardão máximo o novo Defender, um jipe puro e duro à boa maneira da Land Rover”, indica. Em relação aos carros vencedores, afirma que “não há como não reconhecer que são todos excelentes automóveis; independentemente da composição do júri, o que interessa é que é essa mensagem que passa para o consumidor”.

Women's World Car of the Year Carros: os premiados em 2021

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O Land Rover Defender foi o grande vencedor, tendo sido considerado o Women’s Car of the Year. O veículo destacava-se entre os SUV médios, sendo que nas restantes categorias foram distinguidos os seguintes automóveis:

  • Prémio Carro Urbano: Peugeot 208
  • Prémio Carro Familiar: Skoda Octavia
  • Prémio Carro de Luxo: Lexus LC500 Cabrio
  • Prémio Carro Desportivo: Ferrari F8 Spider
  • Prémio SUV Urbano: Peugeot 2008
  • Prémio SUV Grande: Kia Sorento
  • Prémio 4×4 & Pick up: Ford F-150
  • Prémio Carro Elétrico: Honda e

O melhor automóvel para si não será o melhor de todos

Comprar um carro é um acontecimento importante na vida das famílias. Como tal, a escolha não pode ser feita de ânimo leve, e deve ter em consideração um conjunto de particularidades dos veículos. Por isso mesmo, Simone Carvalho realça que esta não é uma pergunta de resposta fácil: “Há que ter presente que é o segundo maior investimento que a maior parte das pessoas faz na vida”, sublinha a jornalista, acrescentando que “o importante é que a pessoa que adquire o carro sinta que está a fazer a escolha que mais lhe agrada – não necessariamente a melhor – dentro do orçamento que tem disponível”.

Dentro do gosto pessoal de cada comprador, há alguns atributos do automóvel que se destacam, na opinião de Simone Carvalho: “A estética, a motorização e a tecnologia a bordo, em matéria de conectividade e infoentretenimento”, além de um elemento cada vez mais diferenciador, “os chamados ADAS – os sistemas de assistência ao condutor que estão a evoluir no sentido de o substituir e que, por enquanto, são sinónimo de viagens mais tranquilas e seguras”.

Já no que diz respeito ao carro mais indicado para cada condutor, Simone Carvalho traça alguns perfis:

  • Quem gosta de uma posição de condução mais elevada, deve optar por um SUV, apesar destes serem mais pesados e de isso prejudicar o comportamento;
  • Quem privilegia a versatilidade e quer levar a “tralha” toda dos miúdos ou as compras do supermercado para o mês, passe o exagero, deve optar por uma carrinha;
  • Para quem não quiser levar a sogra, sem ter que se dar ao trabalho de inventar desculpas, um coupé de dois lugares é perfeito;
  • Os que andam muito em meio urbano e sentem todos os dias o difícil que é encontrar um “buraquinho” para estacionar, talvez seja bom olhar para um citadino ou um pequeno utilitário.

Um olhar do passado recente para o futuro

É impossível falar do mercado automóvel sem recordar o impacto brutal que este sofreu em 2020 com a pandemia de Covid-19. “Globalmente, as vendas contraíram 15% (de 74,8 milhões de unidades para 63,8), na Europa, derraparam 24%, e, em Portugal, as vendas foram ainda mais afetadas, com uma queda superior a 34% nos ligeiros”, sublinha Simone Carvalho. “Mesmo desconfinando continua a existir, para muitos, o receio de comprar carro pelo compromisso financeiro que isso implica”, assinala a jornalista.

Mas também há um lado positivo a reter: “Esta indústria foi a que mais ativamente se mexeu e contribuiu para minorar os efeitos da pandemia”, considera Simone Carvalho. Não só as empresas colaboraram com a construção de ventiladores com componentes de automóveis, como a transição para o digital parece ter ditado a tendência do futuro — que não está assim tão distante. “O que a pandemia veio mostrar é que os canais digitais conseguem suportar grande parte do processo, com custos radicalmente inferiores. E daí que haja campanhas especificamente online, para levar progressivamente os potenciais clientes a encarar este canal como um meio privilegiado de contacto com a marca, mais rápido e mais vantajoso”, afirma a jornalista.

Embora sem “bola de cristal”, a editora da secção Auto do Observador antecipa as tendências que se esperam sobre rodas nas próximas décadas. “As soluções mais amigas do ambiente ganharam quota de mercado, enquanto as mecânicas tradicionais viram as suas vendas afundar”, relata Simone Carvalho, destacando o que a pandemia colocou em evidência. “É só uma questão de tempo, porque são cada vez mais os fabricantes que antecipam a morte dos motores de combustão”, reitera, adiantando que “de caminho, não tarda muito tempo e vamos estar a discutir não a eletrificação parcial ou total, mas sim níveis de autonomia, a comunicação entre veículos, e a comunicação dos veículos com a infraestrutura”.

Num universo ainda com dúvidas, uma coisa é certa: “Atravessamos um dos períodos mais entusiasmantes da história da indústria automóvel”.

21,4% dos utilizadores PiscaPisca.pt são mulheres

Falar em mercado automóvel digital é sinónimo, desde março de 2020, de PiscaPisca.pt. O stand dos stands online de carros usados foi um dos grandes impulsionadores deste mercado em Portugal, sobretudo num período tão complicado como o de confinamento. Não obstante, também este serviço desmistifica a ideia de que os carros apenas interessam ao género masculino: 21,4% dos registos no site foram feitos por mulheres.

E se o assunto for o carro ideal, o PiscaPisca.pt tem a solução para os mais indecisos. Com um quiz simples e acessível, é possível perceber o perfil do utilizador, seja homem ou mulher, e apresentar as melhores opções à sua medida. Através de perguntas descomplicadas, o comprador recebe um conjunto de sugestões, percebendo, assim, quais os veículos que mais se adequam ao seu gosto e necessidades.

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