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Gonçalo é um sonhador. O problema é que não pode ser o único (a crónica do Nacional-Benfica)

Este artigo tem mais de 2 anos

Benfica esteve a perder durante muito tempo e deu a volta ao Nacional nos últimos 10 minutos: com dois golos de Gonçalo Ramos, que mostrou a Jesus que é o sonhador de que o sonho encarnado precisa.

O jovem avançado ainda não tinha marcado qualquer golo nesta edição da Primeira Liga
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O jovem avançado ainda não tinha marcado qualquer golo nesta edição da Primeira Liga

LUSA

O jovem avançado ainda não tinha marcado qualquer golo nesta edição da Primeira Liga

LUSA

Era uma posição que acabava por ser algo estranha para o Benfica, tendo em conta a história recente do futebol português. No dia em que o título poderia ficar decidido, os encarnados jogavam horas antes, arredados das contas decisivas e com os objetivos reduzidos ao segundo lugar. O cenário estava longe de ser o ideal mas Jorge Jesus continuava a ter um sonho — um sonho que implicava vencer todos os jogos até ao final da época e esperar pelo melhor. 

“Chegar ao segundo lugar é um sonho. Tinha mais essa possibilidade realista se dependesse de mim. Como não depende, é um sonho. Por muito que eu, Benfica, ganhe, os outros também têm de ganhar ao nosso rival. É nessa perspetiva que digo que é um sonho. Se me perguntassem, no início da época, se o meu sonho, em termos de projeto para o Benfica, era isto, nem nos meus sonhos ele existia. Neste momento, nunca vai ser uma época positiva mas ainda há alguns objetivos para conquistar. Faltam quatro jogos que ainda podem dar alguns títulos ao Benfica. Não é o mais importante, porque esse é o Campeonato. Mas sabendo que há outros rivais que não vão ganhar nada, não posso afirmar que seja uma época falhada. As culpas dos meus jogadores e da estrutura do Benfica são muito reduzidas relativamente ao que possa acontecer no final da época”, explicou o treinador encarnado na antecâmara da visita ao Nacional, o último classificado da tabela, que também precisava de todos os pontos possíveis para continuar a lutar pela permanência. Para Jesus, o sonho era só um: chegar ao segundo lugar e garantir o acesso direto à Liga dos Campeões.

Ficha de jogo

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Nacional-Benfica, 1-3

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Madeira, no Funchal

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Nacional: António Filipe, Rúben Freitas, Pedrão, Júlio César, Lucas Kal, Éber Bessa (Gorré, 74′), Alhassan (Rúben Micael, 85′), Azouni, Brayan Riascos, Pedro Mendes (Rochez, 74′), João Vigário (Koziello, 85′)

Suplentes não utilizados: Riccardo, Danilovic, Witi, Rui Correia, Dudu

Treinador: Manuel Machado

Benfica: Helton Leite, Gilberto (Darwin, 65′), Lucas Veríssimo, Otamendi, Nuno Tavares, Chiquinho (Pizzi, 45′), Pedrinho (Everton, 45′), Weigl, Cervi (Grimaldo, 45′), Waldschmidt (Gonçalo Ramos, 74′), Seferovic

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Vertonghen, Gabriel, João Ferreira

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Pedrão (8′), Pedrão (ag, 78′), Gonçalo Ramos (81′ e 86′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Chiquinho (34′), a Gilberto (56′), a João Vigário (61′)

Para isso, e depois do empate na Luz contra os dragões, o Benfica precisava então de ganhar todos os jogos até ao final da temporada e esperar que o FC Porto perdesse pontos pelo caminho. Na sequência da goleada aplicada pela equipa de Sérgio Conceição ao Farense já esta jornada, os encarnados estavam obrigados a ganhar ao Nacional para não entregarem desde já o segundo lugar ao rival. Apesar disso, e sem o lesionado Rafa e o castigado Diogo Gonçalves, Jorge Jesus regressava ao 4x4x2 e fazia muitas alterações ao onze inicial, provavelmente já a pensar no dérbi com o Sporting na próxima jornada.

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Gilberto, Nuno Tavares, Chiquinho, Pedrinho, Cervi e Waldschmidt saltavam para a titularidade e Vertonghen, Grimaldo, Everton e Pizzi começavam no banco, com Seferovic a manter o respetivo lugar nas opções iniciais. O treinador encarnado, aliás, reconheceu na antevisão da partida que, para além da Taça de Portugal e do segundo lugar, um dos objetivos da equipa passa também por garantir que o avançado suíço é coroado o melhor marcador do Campeonato — mas sem deixar uma farpa à arbitragem. “Restam-nos poucas coisas para conquistar. O Seferovic está numa posição privilegiada e está dependente dele para ser o artilheiro deste Campeonato. Não jogou tantos desafios como titular, como é normal num artilheiro, mas é um jogador muito importante para a equipa e tenho a certeza de que o grupo o vai ajudar. Todas as situações que possamos privilegiar para ele poder fazer golo, como, por exemplo, as grandes penalidades, serão uma decisão que teremos de tomar no momento. Ah, eu aqui equivoquei-me… Grandes penalidades ele nunca vai ter porque o Benfica não tem grandes penalidades…”, atirou Jesus, recordando que os encarnados só beneficiaram de um penálti em toda a Liga.

Os primeiros instantes mostraram desde logo que seria Chiquinho a assumir um lugar de maior responsabilidade na construção e no equilíbrio defensivo, na zona do meio-campo, à frente de Weigl. Pedrinho abria na direita, embora surgisse muitas vezes em espaços interiores, e Cervi caía na esquerda, com Waldschmidt a ficar no apoio mais direto a Seferovic. Depressa se percebeu que o Benfica queria jogar com a bola no pé, desenhando lances rendilhados à volta da grande área adversária, e que o objetivo do Nacional era surpreender os encarnados com transições rápidas.

O primeiro remate pertenceu mesmo aos madeirenses, com Pedro Mendes a tentar um desvio acrobático que passou ao lado depois de um cruzamento vindo da direita (5′), e Helton Leite evitou o golo de Riascos logo depois, com uma enorme defesa a um pontapé fortíssimo do avançado (8′). Sem que o Benfica tivesse sequer chegado com perigo à baliza de António Filipe, o Nacional apertava o adversário e asfixiava a defesa encarnada — acabando por conseguir abrir o marcador ainda numa fase muito embrionária da partida. Na sequência de um canto batido na esquerda, Seferovic desviou a bola ao primeiro poste, Riascos apareceu sozinho a empurrar contra o ferro e Pedrão, na recarga, encostou de forma pouco ortodoxa para se estrear a marcar na Primeira Liga (8′). 

O Nacional estava a ganhar ao Benfica na Madeira e a verdade é que a surpresa era só mesmo para quem não estava a ver o jogo. Riascos voltou a ter uma oportunidade logo depois, com um remate cruzado que desviou num adversário (11′), e era possível entender que o corredor esquerdo do ataque estava a ser a grande aposta da equipa de Manuel Machado. Gilberto, chamado à titularidade para render o castigado Diogo Gonçalves, não tinha força nem velocidade para parar Riascos e estava a ter muitas dificuldades na hora de travar as transições rápidas dos madeirenses, acabando por ser sempre batido e ultrapassado.

Pedrinho até teve uma boa oportunidade para empatar, com um remate por cima depois de um cruzamento de Waldschmidt (14′), mas o Benfica continuava muito displicente na hora de defender e de atacar. Chiquinho era o elemento mais esclarecido, com vários esforços defensivos e clareza no momento de organizar tudo o que estava desorganizado, mas os encarnados falhavam muitos passes, não conseguiam ganhar o meio-campo e eram sempre apanhados totalmente desconcentrados no último terço. Éber Bessa ia beneficiando disso mesmo, num lance em que passou por vários adversários na garra e na força e não foi parado por ninguém até rematar na grande área, com Helton Leite a evitar o segundo golo do Nacional (33′). Pelo meio, Seferovic ainda cabeceou por cima (24′) e Pedrinho teve o único remate enquadrado dos encarnados na primeira parte, que António Filipe encaixou com facilidade (29′), mas o Benfica nunca esteve realmente perto de empatar e foi a perder para o intervalo — com muito mérito do Nacional mas com enorme demérito da equipa de Jorge Jesus, que realizou uma primeira parte muito abaixo da média e fez metade dos remates do adversário.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Nacional-Benfica:]

No arranque da segunda parte, de forma expectável, o treinador encarnado fazia uma tripla substituição e tirava Cervi, Chiquinho e Pedrinho para lançar Grimaldo, Pizzi e Everton. Gilberto, que tinha sido o elemento menos do primeiro tempo, permanecia em campo e Grimaldo entrava para jogar à frente de Nuno Tavares, mantendo-se o jovem lateral na esquerda da defesa. Os primeiros instantes do segundo tempo trouxeram desde logo uma enorme oportunidade para o Nacional, que ficou perto de aumentar a vantagem depois de um cruzamento na direita que Otamendi desviou e Helton Leite empurrou para a linha de fundo (47′). O Benfica, porém, melhorou depois do intervalo e chegou a colocar a bola dentro da baliza: Nuno Tavares marcou, arrancando do próprio meio-campo para depois rematar rasteiro de fora de área (50′), mas o golo foi anulado por falta de Lucas Veríssimo sobre Pedro Mendes no início do lance.

De forma natural e também devido às substituições, o Benfica passou a dominar as ocorrências da partida no segundo tempo e a empurrar para trás o Nacional, que só conseguia esticar o jogo através de transições rápidas ou passes longos. A 25 minutos do fim, Jorge Jesus voltou a mexer e tirou Gilberto, que entretanto já tinha visto cartão amarelo, para colocar Darwin: Nuno Tavares passou para lateral direito, com Grimaldo a recuar para a esquerda da defesa, e Everton encostou mais ao lado canhoto para abrir espaço ao avançado uruguaio ao lado de Seferovic.

Apesar de ter mais bola e mais presença no meio-campo adversário, o Benfica não conseguia criar oportunidades de golo e continuava a permitir muita tranquilidade ao Nacional, que não perdia a concentração e não se desposicionava defensivamente. Jesus colocou Gonçalo Ramos para tirar Waldschmidt, Manuel Machado respondeu com as entradas de Rochez e Gorré e o relógio ia avançando com a vantagem madeirense a prolongar-se — até que Pedrão, que tinha estado no melhor do Nacional, acabou por não evitar o pior.

A pouco mais de dez minutos do fim, Everton desequilibrou na esquerda e assistiu Seferovic na grande área; o avançado suíço atirou, a bola não ia em direção à baliza e acabou por desviar em Pedrão para enganar António Filipe (78′). Sofrido o empate, o Nacional perdeu o norte e concedeu mais dois golos até ao apito final, deixando fugir uma vantagem que durava praticamente desde o início da partida: Gonçalo Ramos, que ainda não tinha marcado nesta edição da Primeira Liga, carimbou a reviravolta com um remate rasteiro depois de uma assistência de Darwin (81′) e bisou logo depois, num lance muito idêntico em que o uruguaio tirou um adversário da frente e serviu na perfeição o jovem avançado (86′).

O Benfica conseguiu vencer o Nacional apesar de uma primeira parte muito pobre e mantém-se na corrida pelo segundo lugar, permanecendo a quatro pontos do FC Porto. Jorge Jesus falou sobre o sonho na antevisão e Gonçalo Ramos mostrou que é um verdadeiro sonhador — o problema é que não pode ser o único.

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