Na primeira entrevista após a morte da filha, Tony Carreira admite que a “vida perdeu o sentido”, mas que se tem agarrado à associação Sara Carreira. O cantor de 57 anos também anunciou um retorno aos palcos para o próximo ano e aproveita ainda para criticar o inquérito realizado pelo Ministério Público.
Numa entrevista à TVI, Tony Carreira confessou que “morreu por dentro” após a morte da filha, recordando ainda a “violência extrema” do episódio. “Deixei de pensar em mim”, desabafa, revelando que houve uma fase em que “parecia um zombie”: “Fui agressivo com o mundo inteiro, revoltei-me com o mundo inteiro”.
Tenho duas certezas: nunca mais volto a ver a minha filha, a outra é que nunca mais serei o mesmo”, afirmou Tony Carreira.
O cantor considera que não vai voltar a ver “cá” a filha. “Tenho de me resignar e aceitar a esse facto. É um facto. Agora acho que a única coisa é agarrar-me a associação, a fazer o bem, acreditar que ela me está a ver”, diz, aludindo à Associação Sara Carreira. “Vamos ajudar crianças desfavorecidas, que precisam de uma ajuda”, revela, explicando que haverá 21 padrinhos que as ajudarão a prosseguir o seu sonho e que se comprometerão a “seguir o percurso da criança”. “Queremos fazer um grande trabalho”, garante Tony Carreira.
Além disso, Tony Carreira relembra a filha como sendo um “ser de luz”, uma “princesa” e como sendo “a mulher da minha vida”. “A Sara foi o equilíbrio da minha separação [com Fernanda Antunes, em 2019]. Era um ser especial, muitos pensam que digo isto por ser minha filha, mas não. A Sara era mesmo uma pessoa muito especial na vida das pessoas”, relata.
A morte de Sara Carreira foi um evento “transformador” da vida de Tony Carreira, mas garantiu que foi um “superpai” com ela. Na entrevista, indicou que vai todos os dias ao cemitério onde está sepultada a filha: “Por enquanto é o único sítio onde sei que ela está. Falo com ela todos os dias. Faço-lhe muitas perguntas, mas ainda estou à espera das respostas”.
Tony tem “estado a compor” e já tem mais de 40 concertos marcados
Sobre os planos profissionais, Tony Carreira conta que tinha um disco para lançar no Natal, mas que acabou por não sair. Ainda assim, o cantor “mudou o álbum todo”: “Apetece-me cantar para ela”. Diz ainda que o único sítio que “fica em paz” é na música.
Tony Carreira também prevê um regresso aos palcos, em 2022. “Por causa da Covid-19, não é possível já”, diz, acrescentando que “já pediu ao agente” que marcasse o máximo de espetáculos possível. “Só em França tenho 25 agendados, em Portugal, 40. Quero cantar pelo mundo inteiro”, diz. Indica que “precisa de cantar para não ter tempo para pensar”: “Quando não estou ocupado, todos os pensamentos vão para a Sara, e inevitável”.
“Eu e a Fernanda vamos ser eternamente amigos até à morte”
Relativamente à família, Tony Carreira assinalou que os cinco (contando com a ex-mulher) já eram “muito unidos” antes da morte da filha e que tal continua a acontecer: “Almoçamos ou jantamos sempre que podemos”. “É vital estarmos todos os juntos”, indica, e, apesar de “cada ter a sua vida”, revela que ficará “eternamente amigo até à morte” com a ex-mulher Fernanda Antunes.
Já sobre a relação com o ex-namorado da filha, Ivo Lucas, Tony Carreira frisa que “continua a ter uma relação bonita”, apesar de não ser amigo do ator. “Sempre tratou muito bem a minha filha, teve foi a fatalidade de ir ao volante, mas podia ter sido eu”, sinaliza, revelando que não o vai “condenar”, nem “julgar”.
Tony critica inquérito: É “desumano”
Em relação ao inquérito do Ministério Público para averiguar o que se passou na fatídica noite de 5 de dezembro, Tony Carreira não poupa críticas: “Ainda não há conclusões de nada, talvez a partir de agosto consigam dizer alguma coisa. Isto é desumano — a Covid-19 serve de desculpa para tudo”.