Câmara Municipal de Lisboa aprovou esta quarta-feira, por unanimidade, a criação de um memorial aos presos e perseguidos políticos durante o período da ditadura, no Largo da Boa Hora.
A proposta, discutida esta manhã em reunião privada do executivo municipal, é subscrita pelo presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), e pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto (PS).
O município recorda no documento que, “por ocasião dos 45 anos do 25 de Abril, em 2019, teve lugar a inauguração de um memorial, de caráter temporário, aos presos e perseguidos políticos” na estação de Metro da Baixa-Chiado.
Esse memorial partiu de uma iniciativa de cidadãos, que propuseram agora à autarquia criar um memorial permanente, proposta que o município decidiu acolher.
“A Câmara Municipal de Lisboa considera ser da maior justiça e oportunidade evocar, de forma permanente, a memória de largas décadas de resistência e de luta contra a repressão política ocorrida no século XX em Portugal, sem esquecer a violência repressiva usada, também, nas então colónias portuguesas, prestando a devida homenagem e tributo a todos aqueles que lutaram pela liberdade e pela democracia e que foram vítimas da perseguição e repressão a que o país esteve submetido durante quase meio século, no período compreendido entre 1926 e 1974”, é defendido no texto da proposta.
A Câmara Municipal lembra que funcionaram no Largo da Boa Hora “os chamados Tribunais Plenários de Lisboa, que a partir de 1945 se distinguiram pela repressão de todas as manifestações consideradas subversivas pelo regime deposto em 25 de abril de 1974″.
Com a criação deste memorial, o município pretende “homenagear as famílias dos presos e perseguidos políticos, bem como contribuir para que este período de resistência e combate à ditadura […] seja mais conhecido das novas gerações“, salientam Fernando Medina e Catarina Vaz Pinto.
Segundo a proposta, o processo com vista à conceção, execução e instalação do memorial deve ser “promovido pela Direção Municipal de Cultura (DMC), nomeadamente através da Divisão de Salvaguarda do Património Cultural (DSPC) do Departamento do Património Cultural (DPC), em conjunto e articulação com os demais serviços municipais com competências para o efeito”.
O documento estabelece também que “o processo para a concretização do proposto seja aberto a contributos, nomeadamente do grupo de cidadãos subscritores da proposta, indo ao encontro de uma solução coletiva considerada apropriada pela comunidade e numa perspetiva integradora de usufruto pleno pela cidade”.
Além da concretização do memorial, deve ser aprofundada a investigação sobre as temáticas dos presos e perseguidos políticos, devendo o Museu do Aljube — Resistência e Liberdade promover esse desígnio.