O número de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) sem médico de família aumentou em 2021 e atinge já os 900 mil cidadãos, reconheceu esta quarta-feira a ministra da Saúde, numa audição regimental na Assembleia da República.
“Relativamente ao problema da cobertura de médicos de família, de facto, em abril a cobertura de utentes inscritos com médico de família situava-se nos 91%, correspondendo a cerca de 900 mil utentes sem médico de família“, começou por dizer Marta Temido aos deputados da Comissão de Saúde, no parlamento.
A governante avançou com a explicação para o agravamento da situação, sem esconder que é um tema em que o executivo tem de “trabalhar para inverter a tendência”.
A situação agravou-se em abril porque se continuam a verificar — e eram previstas — aposentações. Só este ano aconteceram mais de 100 aposentações de especialistas de medicina geral e familiar, mas, por outro lado, temos também mais 59 mil inscritos nos cuidados de saúde primários só neste quadrimestre. Muitos utentes cuja inscrição estava inativa, porque não eram utilizadores e reativaram a sua inscrição com a procura de cuidados de saúde e de vacinação”, justificou.
Marta Temido salientou ainda, em relação aos cuidados de saúde primários (CSP), que até ao final de junho serão colocados “recém-especialistas em medicina geral e familiar que se apresentaram a exame em abril e que são indispensáveis para melhorar a cobertura” das equipas de saúde, nas quais garantiu também estar em curso a contratação de enfermeiros.
Em sentido inverso, a ministra da Saúde aproveitou para apresentar a recuperação com “números muito significativos” dos CSP em termos de consultas nos primeiros quatro meses deste ano, nomeadamente o crescimento de 24% das consultas médicas, 51% das consultas de enfermagem e 26% de consultas de outros técnicos de saúde face ao mesmo período de 2020.
Segundo a ministra, registou-se ainda uma “recuperação da atividade de rastreio”, com um “aumento da cobertura geográfica das unidades funcionais”.
“Quanto à recuperação da atividade de rastreios, houve um aumento do número de pessoas convidadas e rastreadas em todas as linhas, desde o cancro da mama, colo do útero e do cólon e reto. E, neste quadrimestre, com um aumento da cobertura geográfica, com um aumento das unidades funcionais com estes rastreios, respetivamente mais 4, 16 e 63 centros de saúde onde estes rastreios já estão implementados”, notou.
Quanto aos cuidados em ambiente hospitalar, Marta Temido realçou o aumento de 12% nas consultas de especialidade e de 22% nas cirurgias nos primeiros quatro meses de 2021, enaltecendo a importância do incentivo extraordinário, que “permitiu, com dados a abril, realizar mais de 82 mil consultas e 30 mil cirurgias”.
A ministra assinalou também que na área da oncologia, “a lista de inscritos para cirurgia acima do tempo máximo de resposta garantido foi reduzida neste quadrimestre” em cerca de 5%, apesar de sublinhar que foram operados durante o primeiro trimestre deste ano 68% das pessoas que se encontravam inscritas nas listas em dezembro de 2020.