De um lado, uma equipa que prolongou o fantasma das finais perdidas na Liga Europeia, que sentiu que o golo que desfez a igualdade no tempo extra pode ter sido irregular e que acabou por cometer um pecado capital com a entrada em pista de um quinto jogador de campo com mais de um minuto ainda por jogar antes de uma nova derrota internacional. Do outro, uma equipa que tem vindo a crescer de forma, que estava motivada não só pela vitória no primeiro jogo da meia-final do Campeonato mas também pelas exibições conseguidas com Barcelona e Liceo mas que acabou por cair nas meias da Liga Europeia num desempate nas grandes penalidades com final polémico. Mais do que nunca, este era um clássico da redenção. E com pouca margem de erro para os dragões.
Benfica tem entrada arrasadora no Dragão e vence FC Porto no jogo 1 da meia-final do Campeonato
Depois de uma entrada desastrada no jogo 1 frente ao Benfica, com um 5-0 em dez minutos que acabaria por não dar espaço para uma recuperação, o FC Porto entrava no Dragão Arena ciente de que, mesmo podendo perder ainda um jogo numa série que já se antevia equilibrada, sofreria um forte revés nas aspirações em chegar à final do Campeonato. Já os encarnados, que voltaram a falhar um título europeu que foge desde 2016, regressavam ao palco onde tiveram uma das melhores primeiras partes da temporada para arriscarem aquilo que seria um passo de gigante rumo a uma decisão que esta época chegará através de um sistema de playoff quando na última temporada lideravam a competição com uma boa margem pontual antes da suspensão da prova pela pandemia.
No final, aproveitando melhor as bolas paradas e mostrando outro nível de jogo coletivo para saber comandar e gerir todos os momentos de jogo, o Benfica voltou a ganhar por 6-5 e deu um passo de gigante para atingir a final do Campeonato, onde poderá defrontar Sporting ou Barcelos (que jogam esta tarde em Alvalade).
Os encarnados começaram melhor, beneficiando de um cartão azul a Gonçalo Alves que deu um livre direto não convertido a Carlos Nicolia mas que permitiu que Diogo Rafael inaugurasse o marcador em power play (4′). Os encarnados voltavam a começar na frente mas desta vez, ao contrário do que aconteceu no jogo 1, não tiveram os mesmos argumentos para ampliarem a vantagem, vendo o FC Porto mais assertivo na reação e a chegar ao empate a meio do primeiro tempo, com Di Benedetto a aproveitar uma recarga após livre de Gonçalo Alves para encostar à boca da baliza de Pedro Henriques. No entanto, e no mesmo minuto, Diogo Rafael voltou a colocar os visitantes na frente, num lance que deixou Xavi Malián a protestar com a dupla de arbitragem (13′).
O avolumar de faltas do Benfica colocou os minutos antes do intervalo muito dependentes da existência ou não de bolas paradas e o próprio critério mais apertado de Luís Peixoto e João Duarte fez com que o jogo se fosse escrevendo nas bolas paradas, com a maior eficácia dos encarnados a fazer a diferença até ao intervalo: Gonçalo Alves empatou de penálti (15′), falhou depois um livre direto por cartão azul a Lucas Ordoñez (21′), Di Benedetto também não aproveitou outro livre pela décima falta permitindo a defesa a Pedro Henriques (23′), o FC Porto não conseguiu aproveitar a situação de vantagem numérica e acabou por ser Lucas Ordoñez, num livre direto por cartão azul a Rafa, a fazer o 3-2 com que se iria atingir o descanso no Dragão Arena (24′).
No segundo tempo, o génio do argentino Lucas Ordoñez conseguiu desequilibrar aquilo que parecia andar mais equilibrado: primeiro deixou-se ficar para trás numa saída rápida do FC Porto, ficou isolado e enganou Xavi Malián (30′); depois, e a seguir a mais um livre direto falhado por Gonçalo Alves pela 15.ª falta, aproveitou nova transição para conseguir criar superioridade e aumentar a vantagem dos encarnados para três golos (34′). Os dragões arriscaram então tudo, reduzindo numa grande penalidade Gonçalo Alves (38′) e fazendo o 5-4 por um remate de Xavi Barroso (41′), apertando a malha para chegar no mínimo ao prolongamento, mas uma grande penalidade ganha e convertida por Edu Lamas sentenciou em definitivo o encontro (47′), apesar de um golo de Rafa numa recarga na área a pouco mais de 30 segundos do final que fez o resultado.