A ONU Mulheres lançou uma campanha para angariação de 10 milhões de dólares ( oito milhões de euros) para apoiar mulheres e raparigas afetadas pela violência armada em Cabo Delgado, anunciou esta terça-feira a entidade.

“Nós podemos, juntos, trazer os recursos limitados que cada um tem para minimizarmos o sofrimento das mulheres em Cabo Delgado”, disse Phumzile Mlambo-Ngcuk, subsecretária-geral das Nações Unidas e diretora executiva da ONU Mulheres, durante um encontro com doadores em Maputo.

O valor vai ser aplicado em projetos de proteção e apoio a mulheres e raparigas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa, com especial destaque para os grupos afetados, desde 2017, pela violência armada em distritos mais a norte de Cabo Delgado.

Segundo a entidade, o montante será usado para restauração de meios de subsistência das mulheres e raparigas naquelas províncias, que têm sido o refúgio das pessoas que abandonaram as comunidades devido a violência armada no Norte de Moçambique.

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“As mulheres em Cabo Delgado não se podem sentir abandonadas”, frisou Phumzile Mlambo-Ngcuk, lembrando que, em casos de guerra, as mulheres estão entre os grupos mais vulneráveis.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo “jihadista” Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, a 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.

As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.