Organizações do setor do turismo manifestaram esta quarta-feira um otimismo moderado na retoma das atividades no período pós-pandemia, mas alertaram para a necessidade de o Estado manter os apoios às empresas cuja recuperação estimam demorar até 2024.

“Não há recuperação rápida”, assegurou o vice-presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Frederico Costa, considerando que se o setor da hotelaria “conseguisse atingir, em 2021, 40 a 50% dos resultados que conseguiu em 2019 já seria um resultado fantástico”.

Porém, na sua perspetiva, a realidade é que o setor “está muito longe da recuperação” e “nunca chegará aos níveis de 2019 antes de 2024”.

A posição foi expressa nas Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, durante o VII Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, num painel em que responsáveis por organizações representativas da restauração, agências de viagens, animação turística e aluguer de automóveis secundaram a ideia de que, para muitas empresas do setor, “o pior ainda está para vir”.

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“Haveremos de ter uma retoma lenta, mas haverá um hiato de tempo em que muita gente vai sofrer”, afirmou o vice-presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Carlos Moura, aludindo à queda das receitas turísticas internacionais, que diminuíram de 18,4 mil milhões de euros em 2019 para 7,7 mil milhões em 2020, ou à perda, de 101 mil postos de trabalho nas áreas do alojamento turísticos e da restauração, quando comparados os dados do primeiro trimestre deste ano com o período homólogo do ano passado.

Um panorama que afeta igualmente o setor dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor, que “teve em 2020 o pior ano de sempre”, de acordo o secretário-geral da ARAC, Joaquim Robalo Almeida.

Os dados da associação apontam para uma queda de 64% na faturação, entre os anos de 2019 e 2020, bem como, durante o mesmo período, de uma descida de 29% na frota média e de 48% nos contratos celebrados.

Num ano “dramático para este que foi um dos setores do turismo mais afetados”, as empresas de aluguer de viaturas conseguiram, ainda assim “manter a maioria dos postos de trabalho”.

Já o mesmo não pode dizer a Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos (APECATE ), cujo presidente, António Marques Vidal, lembra que a paragem a que a pandemia de Covid-19 obrigou levou as empresas a dispensarem “muitos profissionais”, debatendo-se agora com a “falta de pessoal especializado” para poderem retomar a atividade.

Com a retoma do setor turístico a perspetivar-se “lenta” e a “ritmos diferentes para cada subsetor”, os empresários alertaram para a necessidade de “serem mantidos apoios pelo menos até ao final do ano”, tanto mais que “os custos sociais (da pandemia de Covid-19) vão chegar em forma de falência de empresas e de desemprego”, afirmou o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira.

Os responsáveis das organizações setoriais, na qualidade de oradores num painel sobre “comercialização e venda”, sublinharam a necessidade de o país apostar no turismo doméstico e de proximidade para alavancar a recuperação das empresas e alertaram para que, “se não houver retoma do turismo, não haverá recuperação da economia”, dada a importância do setor no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O VII Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, decorreu ao longo desta quarta-feira no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha.

Organizado pelo Turismo do Centro, o fórum contou com mais de 600 pessoas inscritas e a participação de palestrantes nacionais e internacionais que debateram questões relacionadas com o turismo interno.