Com as negociações do Orçamento do Estado à porta, a mais que provável nova líder parlamentar do PAN, Bebiana Cunha, garante que o partido será “claramente mais duro” com o Governo e “apresentará as suas linhas vermelhas de forma bem vincada e assertiva”, posição que resulta do “debate interno” feito neste congresso.

Bebiana Cunha garante PAN “mais duro nas negociações”

Em entrevista à rádio Observador, Bebiana Cunha revela que logo depois da reunião magna do partido, que acaba este domingo, em Tomar, a intenção do partido é “solicitar de imediato ao Governo uma reunião” para perceber a execução das medidas incluídas nos Orçamentos anteriores. O partido só “partirá para a negociação” se a conclusão for satisfatória, até porque rejeita ‘oferecer’ com facilidade os seus votos ao Governo: “É consensual que o PAN nunca será uma bengala nem do PS nem do PSD”. As “linhas vermelhas” do partido ficarão definidas num debate que começará já esta tarde, assim que a nova comissão política se reunir, garante.

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Ainda assim, a ideia do PAN passa sempre por negociar para “fazer avançar” as suas causas, mantendo “abertura ao diálogo, por mais difícil que ele seja”. Um dia depois de o congresso ter aquecido com uma discussão sobre se o PAN devia negociar com partidos que tenham posições contrárias às suas — que levou a uma troca de acusações sobre uma parte do partido querer “fechá-lo” ou “manter o PAN pequenino” — Bebiana Cunha assegura que um partido político é um “instrumento” para “promover mudanças necessárias” e, por isso, tanto com PS e PSD está “evidentemente aberto ao diálogo”. O único partido que fica excluído da equação é o Chega, uma força “antidemocrática”: “O PAN não estará num tabuleiro com um partido como o Chega”.

PAN com programa “para governar o país”

Reveladora é também a posição sobre se o PAN deve ou não fazer parte de um futuro Governo, caso tenha força para isso: se na semana passada o ex-líder, André Silva, dizia em entrevista ao Jornal Económico que o PAN deve manter-se na oposição, a nova liderança parece ter uma ideia diferente. Há dias, Inês Sousa Real definia a chegada ao “poder” como um objetivo; agora, Bebiana Cunha, que deverá ser eleita líder parlamentar esta semana, defende que o PAN assume “estar pronto para aquilo que os portugueses quiserem de nós”, trabalhando num “projeto para o país”.

“Temos de ter um programa que permita governar e gerir o país. O PAN estará disponível para assumir as responsabilidades e lidar com a força que as pessoas, através do seu voto, nos derem”, diz a deputada e dirigente.

Liderança futura? Portas ficam “abertas”

Ao Observador, Bebiana Cunha desvaloriza a polémica com as relações familiares nos órgãos do PAN (como é o caso da própria e do marido, Albano Lemos Pires, que faz parte da direção) e fala de uma “clara confusão entre pessoas eleitas democraticamente para fazer parte dos órgãos e pessoas e familiares que são nomeados”. “Tanto eu como o meu marido não nos conhecíamos, conhecemo-nos no PAN em listas opostas. As pessoas não têm culpa de se apaixonarem”.

E quanto ao seu próprio futuro? Quanto à liderança parlamentar, a vontade é clara: como antiga “praticante de artes marciais”, Bebiana habituou-se a “não esperar nada mas estar preparada para tudo” e assim será se o grupo parlamentar assim o decidir, no início da próxima semana. Já sobre uma possível liderança do partido no futuro, as portas ficam “abertas”: “O percurso que cada um de nós faz é muito próprio e dinâmico, depende de muita coisa além de nós. Dentro do PAN e fora estarei disponível para o que for necessário em prol das nossas causas”. Inês Sousa Real foi eleita porta-voz há minutos, mas já se desenham outras possibilidades de futuro para o partido.