Depois da confirmação de que a Seleção Nacional foi vacinada “em tempo útil” e na antecâmara do Euro 2020, importa saber que outras equipas já estão também imunizadas. A Polónia de Lewandowski e a Itália de Immobile também já estão vacinadas, enquanto que a imprensa belga garante que a seleção de Roberto Martínez só tem a primeira dose e vai receber a segunda somente após o final do Europeu. No lado oposto da barricada, os jogadores ingleses recusaram ser uma exceção e em França só estão imunizados os atletas que receberam as vacinas nos respetivos clubes.

Portugal

Começando, naturalmente, pela Seleção Nacional, a notícia de que a comitiva portuguesa estava já vacinada surgiu durante a noite desta segunda-feira. Depois de 48 horas marcadas pelo alarmante caso positivo de Sergio Busquets, poucos dias após defrontar Portugal num particular em Madrid, a Federação Portuguesa de Futebol acabou por confirmar em comunicado que “a quase totalidade do grupo foi vacinada em tempo útil”.

A Seleção Nacional já foi vacinada contra a Covid-19. Processo decorreu durante o mês de maio

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“Ainda antes do treino, a Unidade de Saúde e Performance da FPF informou que todo o grupo de trabalho que estará no Euro 2020 testou, esta segunda-feira, negativo ao Covid-19. A quase totalidade do grupo foi vacinada em tempo útil, sendo que algumas pessoas, por não terem ainda passado seis meses sobre um teste positivo, não têm ainda indicação para vacinação. O processo de vacinação decorreu numa ação levada a cabo em devido tempo e em estreita articulação com a Task Force para a Elaboração do Plano de Vacinação contra a Covid-19″, podia ler-se na nota publicada no site oficial da FPF.

O processo, que terá então decorrido durante o mês de maio, foi complexo precisamente aos casos distintos que se verificavam — entre jogadores que já estiveram infetados há algum tempo, jogadores que estiveram infetados há pouco tempo e jogadores que nunca estiveram infetados. De recordar que Gonçalo Guedes, que entretanto já regressou aos trabalhos com a Seleção, testou positivo há semana e meia e falhou o particular contra Espanha, sendo o cenário mais provável o de ainda não estar imunizado contra a Covid-19.

Bélgica

A Bélgica é um caso curioso. Os jogadores, equipa técnica e staff da seleção já receberam a primeira dose da Pfizer, antes do arranque do Euro 2020, mas só vão receber a segunda dose e estar completamente vacinados depois do fim da competição. 

Os 26 jogadores escolhidos por Roberto Martínez, assim como 11 de reserva e 14 elementos da comitiva, têm então apenas uma dose da vacina. A possibilidade de utilizar a da Janssen, assim como a seleção espanhola vai fazer, chegou a estar em cima da mesa — mas acabou por ser descartada devido à incerteza sobre o número de vacinas disponíveis e a implementação de um requisito relativo à idade. Além da seleção de futebol, também os atletas olímpicos belgas que vão estar em Tóquio já foram vacinados.

Ainda assim, surgiram notícias nos últimos dias que davam conta de que metade da seleção da Bélgica recusou ser vacinada por recear os efeitos secundários e um eventual impacto na prestação no Europeu. Nomes como Toby Alderweireld, Timothy Castagne, Thibaut Courtois e Thomas Vermaelen, porém, foram imunizados.

Espanha

Em Espanha, a vacinação da seleção de Luis Enrique acelerou devido ao caso positivo de Sergio Busquets, que lançou o alarme no interior do grupo e forçou o treinador a chamar seis jogadores extra para treinar com o objetivo de precaver um eventual surto. Com a possibilidade de o médio do Barcelona ser ainda considerado apto para o Euro 2020 em cima da mesa — Espanha só joga na segunda-feira e disputa todos os encontros da fase de grupos em Sevilha –, depressa surgiram notícias relacionadas com a vacinação de toda a comitiva antes do arranque da competição.

Sergio Busquets acusa positivo para o novo coronavírus e fica de fora do Euro2020

De acordo com o AS, o Conselho de Ministros espanhol vai aprovar nas próximas horas a vacinação de jogadores, equipa técnica e staff da seleção espanhola — algo que deverá acontecer entre terça e quarta-feira e que era solicitado por Luis Rubiales, presidente da Federação espanhola, há cerca de dois meses. O jornal desportivo do país indica ainda que a vacina utilizada será a Janssen, de apenas uma toma, para evitar que todos tivessem de ser novamente vacinados daqui a 21 dias, a meio do Europeu e arriscando eventuais efeitos secundários.

O caso está a provocar alguma polémica em Espanha devido ao teste positivo de Sergio Busquets, que em teoria poderia ter sido evitado se toda a equipa tivesse sido imunizada quando Luis Rubiales o solicitou, e também pelo facto de os atletas olímpicos espanhóis que vão estar em Tóquio já terem recebido a vacina — algo que, de resto, também já aconteceu em Portugal. “Não vamos vacinar os jogadores, vamos vacinar a seleção espanhola. A questão foi-me colocada, falei com a ministra e tudo se fez nos tempos possíveis. É uma exceção. Estamos a vacinar por faixa etária. Quando abrimos exceções, tem de ser justificado. É uma exceção porque vão representar-nos. Vacinamos os jogadores da seleção de futebol porque nos vão representar na próxima semana numa competição de máximo nível”, justificou José Rodríguez Uribes, o ministro da Educação e da Cultura, em entrevista à Cadena Ser.

Itália

Em Itália, o processo foi mais simples no que toca à gestão interna mas mais complexo relativamente à opinião pública. Depois da luz verde dada pelo governo do país, logo no início de maio, 28 jogadores receberam a primeira dose em dois hospitais, entre Roma e Milão. Ora, nesta altura, Itália estava ainda algo atrasada no processo de vacinação e somente seis milhões de pessoas estavam totalmente vacinadas — algo que levantou algumas críticas sobre os critérios utilizados para imunizar os jogadores da seleção de Roberto Mancini.

Ainda assim, as opiniões amenizaram quando a Federação explicou que só foram vacinados jogadores italianos que atuam em clubes italianos — excluindo os da Roma, que ia disputar a meia-final da Liga Europa com o Manchester United — e que o número alargado se justificava pelo facto de Mancini ter elaborado uma lista extensa para que todos os eventuais convocados estivessem imunizados na altura do arranque do Euro 2020. De acordo com a imprensa italiana, todos receberam a vacina da Moderna.

“Agradeço a todo o staff pela hospitalidade. Estamos felizes e orgulhos por estar aqui. Ser vacinado é importante e esperamos que este momento chegue depressa para toda a gente”, disse Ciro Immobile, avançado da Lazio e da seleção italiana, depois de ser vacinado no Hospital Spallanzani, em Roma.

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Ciro Immobile, avançado da Lazio e uma das principais figuras da seleção italiana, foi vacinado em Roma ainda no início de maio

Polónia

Na Polónia, a seleção de Paulo Sousa foi vacinada em conjunto com os atletas olímpicos que vão a Tóquio ainda em abril, a dois meses do Euro 2020 e a cerca de 100 dias dos Jogos Olímpicos. O governo do país assegurou que 1.077 atletas olímpicos iriam ser imunizados, assim como todos os jogadores da seleção e outras 60 pessoas que integram a comitiva.

“Para garantir o conforto dos nossos atletas, que vão dar-nos alegrias e esperança em Tóquio, decidimos vacinar toda a comitiva olímpica. Assim como a nossa seleção nacional de futebol, que vai representar a Polónia durante o Campeonato da Europa”, disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki.

França

Em França, o caso é mais complexo. No final de maio, o selecionador Didier Deschamps garantiu que todos os elementos do staff da seleção estavam já vacinados mas que ainda não existia qualquer plano para imunizar os jogadores.

“Todo o staff foi vacinado mas nada foi organizado para os jogadores. Ser vacinado é uma decisão. pessoal. Alguns jogadores já estão vacinados. Sabemos que a vacinação é a única maneira de lugar contra o vírus”, explicou Deschamps, que se referia, por exemplo, aos atletas do PSG. Mbappé e Kimpembe, os dois jogadores convocados para o Euro 2020 que atuam na equipa de Mauricio Pochettino, foram imunizados porque o ritmo de vacinação em Paris está acelerado e devem existir casos semelhantes com atletas de outros clubes.

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Por jogar no PSG, Mbappé foi vacinado em Paris, assim como Kimpembe, e beneficiou do ritmo acelerado da vacinação na capital francesa

Holanda

Na Holanda, e sem qualquer notícia relativa à vacinação conjunta da seleção, a polémica prendeu-se com declarações de De Ligt, o jovem central da Juventus. Em entrevista à ESPN holandesa, o jogador garantiu que ainda não tinha sido vacinado e recordou que não é “obrigatório”. “Acho que devemos ter o controlo sobre o nosso corpo. O risco de infeção existe sempre. Tento estar em contacto com o mínimo possível de pessoas fora da seleção holandesa”, atirou De Ligt no final de maio.

Depois de ser muito criticado, o central de 21 anos acabou por contextualizar o que quis dizer. “Na minha recente entrevista, não fui claro com a minha resposta. Para esclarecer todas as dúvidas: sou absolutamente a favor da vacinação contra a Covid-19 e vou ser vacinado assim que possível”, escreveu o jogador no Twitter.

Inglaterra

Em Inglaterra, de acordo com a comunicação social do país, os jogadores não quiseram ser vacinados por não se sentirem à vontade com a abertura de uma exceção devido ao Euro 2020. O The Times garante que nenhum atleta quis passar à frente do resto da população, ainda que o ritmo de vacinação no país esteja muito acelerado, e que nem as declarações públicas de Gareth Southgate a favor da imunização da seleção ajudaram a convencer o plantel.

“Estamos a chegar a uma altura em que estamos a pedir aos atletas que se coloquem em situações onde têm muito mais probabilidades de ser infetados do que os outros e acho que temos alguma responsabilidade para com eles. Acho que estamos perto de chegar a um ponto em que é aceitável integrar os atletas profissionais na lista. Estamos a pedir-lhes que continuem a jogar”, defendeu o selecionador inglês ainda em março.