O Governo decidiu que Miguel Frasquilho deixa o lugar de chairman da TAP e é substituído por Manuel Beja na próxima Assembleia Geral de 24 de junho. De acordo com informação avançada pelo Eco e já confirmada pelo Observador, o gestor que conduziu o processo de reestruturação da companhia portuguesa fica de fora das opções do Governo, sendo esta decisão uma surpresa. O próprio só terá sido informado esta terça-feira. A última palavra é do primeiro-ministro, António Costa, que decidiu fazer uma mudança da totalidade do conselho de administração.

Segundo o Eco e o Negócios, o substituto de Frasquilho é Manuel Beja, um matemático, com experiência em gestão, que esteve nove anos na Novabase como diretor de recursos humanos e é conhecedor do mercado brasileiro, um mercado essencial para a TAP.

De acordo com a informação, disponível no site da companhia aérea, os restantes nomes a propor para o Conselho de Administração são Christine Ourmieres-Widener, Ramiro Sequeira, Alexandra Reis, João Gameiro, José Manuel Silva Rodrigues, Silvia Mosquera González, Patrício Ramos Castro, Ana Teresa Lehmann, Gonçalo Monteiro Pires e João Pedro da Conceição Duarte.

Para a presidência do Conselho Fiscal é proposto o nome da Baker Tilly, PG & Associados, SROC, S.A. e para o mesmo órgão são propostos para vogais os nomes de Sérgio Sambade Nunes Rodrigues, Maria de Fátima Damásio Geada e José Manuel Fusco Gato (vogal suplente).

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A informação diz ainda que para a Mesa da Assembleia Geral é proposto o nome de António Macedo Vitorino (presidente) e David Fernandes de Oliveira Festas (vice-presidente) e para a Comissão de Vencimentos são propostos os nomes de Pedro Miguel Nascimento Ventura, Tiago Aires Mateus e Luís Manuel Delicado Cabaço Martins.

A Comissão Europeia ainda tem de dar resposta ao plano de reestruturação da TAP, mas há Assembleia Geral no próximo dia 24 de julho com os acionistas da TAP e novos órgãos sociais deverão ser aprovados.

Frasquilho despede-se dos trabalhadores com “tranquilidade do dever cumprido”

O presidente cessante do Conselho de Administração da TAP afirmou sair com a “tranquilidade do dever cumprido”, numa carta aos trabalhadores, explicando que a saída resulta da falta de conjugação de vontades para continuar entre o próprio e o Estado.

“Sairei com a tranquilidade do dever cumprido, de ter sido sempre leal à TAP, ao Estado português, como seu acionista de referência, e a Portugal”, expressou Miguel Frasquilho, numa carta de despedida enviada aos trabalhadores da TAP, a que a Lusa teve acesso.

Miguel Frasquilho cessará funções como ‘chairman’ do grupo TAP na altura da próxima Assembleia Geral marcada para o dia 24 de junho, tendo já sido proposto Manuel Beja para o substituir.

“Para poder continuar nas funções que tenho vindo a desempenhar, seria necessária, como sempre disse quando questionado sobre o tema, uma conjugação de vontades entre mim próprio e o acionista Estado. Essa conjugação de vontades não existiu”, explicou o ‘chairman’ que assumiu funções em 2017.

Na missiva, Miguel Frasquilho agradeceu aos contribuintes portugueses “que, com os seus recursos, numa altura particularmente difícil do país, viabilizaram a sobrevivência da TAP, permitindo trabalhar em prol de um futuro que, tenho toda a confiança nisso, tem todas as condições para ser risonho”.

O gestor lembrou os dois primeiros anos e meio na liderança do grupo TAP, em que a “convivência com os acionistas privados e os seus representantes foi sempre muito desafiante e enriquecedora”.

No último ano e meio, marcado pela pandemia, Frasquilho sublinhou que as “prioridades foram as de salvar a TAP, o maior número possível de postos de trabalho e, através do duríssimo, mas indispensável Plano de Reestruturação entregue em Bruxelas, procurar garantir o futuro, a sustentabilidade e a rentabilidade da TAP”.

No início deste ano, Miguel Frasquilho integrou a equipa da TAP e do Governo que negociou com os sindicatos e representantes dos trabalhadores acordos de empresa temporários até 2024, que considerou “pioneiros e permitem assegurar um clima de tranquilidade laboral”, para que a companhia aérea possa ser, nos próximos anos, “aquilo que sempre foi: um instrumento de política económica fundamental ao serviço de Portugal e dos portugueses”.

Por fim, Miguel Frasquilho deixou ainda uma palavra de agradecimento aos “colegas” de Conselho de Administração e aos trabalhadores e colegas do grupo.