A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) confirmou esta quinta-feira que abriu um processo de averiguações à partilha de dados pessoais de três ativistas anti-Putin com a Rússia por parte da câmara de Lisboa.
“A CNPD já tem aberto um processo de averiguações com base numa queixa recebida”, disse à agência Lusa fonte oficial daquele organismo, acrescentando que “enquanto o processo decorrer” a comissão não irá fazer “qualquer comentário”.
Medina e o caso dos ativistas anti-Putin. O que se sabe, o que falta saber e o que pode acontecer
O processo de averiguações tem por base o facto de a Câmara de Lisboa ter feito chegar às autoridades russas os nomes, moradas e contactos de três manifestantes russos que, em janeiro, participaram num protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexei Navalny, opositor daquele Governo.
O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, explicou que “o erro resultou de um funcionamento burocrático dos serviços que aplicaram nesta manifestação aquilo que aplicam à generalidade das dezenas de manifestações que acontecem no município”.
Medina pede “desculpa”. “Erro lamentável e que não poderia ter acontecido”
Segundo Medina, foi aplicado o procedimento normal que se aplica em todas as manifestações desde 2011, quando foram extintos os governos civis e as competências passaram para as câmaras municipais.
Os ativistas russos cujos dados foram partilhados anunciaram esta quinta-feira que vão apresentar uma queixa na justiça contra a Câmara Municipal de Lisboa para que tal “não volte a acontecer” com cidadãos portugueses.
Ativistas russos vão apresentar queixa contra Câmara Municipal de Lisboa
O presidente da câmara de Lisboa disse também que a câmara de Lisboa “já tirou consequências desta situação” e alterou procedimentos.
Sobre este caso, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que há procedimentos administrativos, porventura em toda a Administração Pública, que não acompanharam a evolução dos dados pessoais e direitos fundamentais.
“Chega-se à conclusão de que há procedimentos administrativos antigos, e provavelmente isto um pouco por toda a Administração Pública, que não acompanharam o que foi a evolução dos dados pessoais e dos direitos fundamentais das pessoas”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta a questões dos jornalistas, no Funchal.