Um alto funcionário da Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) disse numa entrevista publicada neste domingo que seria melhor deixar de administrar a vacina anticovid-19 da AstraZeneca a todos os grupos etários quando houver alternativas disponíveis.
Marco Cavaleri, responsável pela estratégia de vacinação na EMA, também disse ao jornal italiano La Stampa que a vacina da Johnson & Johnson deve ser utilizada de preferência para pessoas com mais de 60 anos.
Ambas as vacinas virais vetoriais foram aprovadas pelo regulador europeu para os maiores de 18 anos, mas houve relatos raros de coágulos sanguíneos. A União Europeia aprovou também duas vacinas de RNA de mensageiro, da Pfizer/BioNTech e Moderna.
No sábado, a Itália restringiu a utilização da vacina AstraZeneca a pessoas maiores de 60 anos, alegando o aumento dos riscos para a saúde dos mais jovens.
Questionado sobre se seria melhor proibir a AstraZeneca, inclusive para os maiores de 60 anos, Cavaleri disse: “Sim, e esta é uma opção que muitos países, como a França e a Alemanha, estão a considerar à luz da maior disponibilidade de vacinas por RNA mensageiro”.
“Contudo, os incidentes têm sido muito raros e ocorreram após a primeira dose. É verdade que há menos dados sobre a segunda dose, mas no Reino Unido está a correr bem [o programa de vacinação]. Nos jovens, o risco de adoecer diminui, e a mensagem para eles pode ser a de usar preferencialmente vacinas de RNA mensageiro, mas a escolha é de cada Estado”, acrescentou.
Cavaleri considerou ainda que a vacina de dose única da Johnson & Johnson apresenta “menos problemas do que a AstraZeneca”, apesar de ter sido menos utilizada.
“Com uma dose única, é útil para algumas categorias difíceis de alcançar, mas é melhor reservá-la para os maiores de 60 anos”, disse.
A tecnologia do RNA mensageiro consiste em injetar nas células instruções genéticas para que elas possam produzir proteínas ou “antigénios” específicos do novo coronavírus. Estas proteínas serão entregues ao sistema imunitário, o qual produzirá depois anticorpos.
As vacinas “víricas”, tais como as da AstraZeneca e Johnson & Johnson, utilizam como portador outro vírus, que é modificado para transportar informação genética para combater a covid-19. Ambas utilizam um tipo muito comum de vírus chamado adenovírus como portador.