Estará o futebol a voltar para “casa”? Os ingleses, a cada par de anos, acreditam que sim, tal como devem crer hoje depois da vitória frente à Croácia. “Football’s coming home” cantam e gritam, na fé que os seus jogadores vençam a competição onde estão.

Foi em 1996, ano em que a Inglaterra recebeu o Europeu, que surgiu a música “Three Lions”, composta pelos comediantes Baddiel e Skinner, e ainda pelos Lightning Seeds, banda de Liverpool. O tema diz vezes sem conta que o futebol vai voltar a casa (“Football’s coming home”) e o slogan ficou, ignorando-se de certa forma o remanescente da canção, que ironiza e fala sobre os falhanços dos ingleses, ao mesmo tempo que relembra o Mundial vencido em 1966, ou até os golos de Lineker. Não é, portanto, uma canção clássica de fases finais de grandes contendas futebolísticas.

E pode-se dizer que, este domingo em Wembley, a primeira parte dos ingleses esteve nos conformes da canção: um início absolutamente asfixiante em que Phil Foden até acertou no poste e a surpresa Phillips também perto do golo, mas depois um final de primeira parte (e até início de segunda) mais em baixo.

Mas continuando nas canções…

A FA (Federação Inglesa de Futebol) convidou o então líder dos Lightning Seeds, Ian Broudie, a compor uma música tendo em conta o Europeu de futebol. Para ele, o tema era simples e justifica as várias cores da letra: “Pensei que só valia a pena escrever a música se refletisse aquilo que é ser um adepto de futebol”.

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E a ideia foi concretizada, ou todas as grandes competições não se ouviriam grupos de britânicos a entoar a plenos pulmões a música que os faz sentir-se orgulhosos dos seus rapazes, que lutam dentro das quatro linhas, a cada lance que disputam, a cada queda e a cada golo que marcam. E por falar em golos, o único deste encontro foi alcançado por Sterling, perto da hora de jogo. Sem conseguir receber a bola perto dos centrais, Phillips arrancou em corrida e recebeu já em velocidade, carregando a bola enquanto Kane arrastava defesas com ele e Sterling fazia uma diagonal da direção da área. Saiu um passe para o avançado do Manchester City, que rematou para dentro da baliza, apesar de um toque do guarda-redes Livakovic, e decidiu o encontro.

O jogo a três toques

Para recordar

Os primeiros 25 minutos da Inglaterra impressionaram. Não aconteceu nenhum golo, é verdade, saiu uma bola para o poste e outro bom remate foi negado pelo guarda-redes croata, mas as “formigas” inglesas tiraram o ar à equipa adversária. Sterling, Mount e Foden, combinações como em 1×1, foram um quebra-cabeças, e Rice e Phillips, médios centro britânicos, dividiram muito bem as suas tarefas. Além do ataque, a pressão da equipa de Southgate obrigava os croatas a negarem-se ao passe curto. Foram minutos bons, muito bons.

Para esquecer

Bem, no inverso, é melhor ignorar os primeiro minutos de uma seleção forte como é a croata, semifinalista do Mundial em 2018. Como já referido o ritmo inglês foi forte, mas os croatas podiam ter feito melhor, tendo demorado vários minutos a adaptar as peças às dinâmicas inglesas.

Para valorizar

Muito se fala do que o calendário efetivamente pesado do futebol pode fazer aos jogadores, mas isso parece ter passado em grande parte ao lado de croatas e ingleses. Ambas as equipas correram cerca de 100 quilómetros e mesmo com muita intensidade, o jogo com 4 cartões amarelos e 19 faltas foi bastante leal. Posto isto, valorize-se também as ideia das equipas – as duas a acertaram cerca de 85% dos passes –, juntando à dimensão física o futebol jogado.