O coletivo de juízes que está a julgar o caso Tancos, em Santarém, deu cinco dias à PJ, PSP, à GNR e às secretas portuguesas (SIS) para darem ao tribunal toda a informação disponível relativamente ao paradeiro de Paulo Lemos, mais conhecido por “Fechaduras”.

Paulo Lemos, que é já referenciado pelas autoridades, foi quem denunciou a uma procuradora do Ministério Público que tinha sido sondado para participar num assalto “a umas instalações militares” na zona centro do país. Dada a sua habilidade em abrir portas, seria ele a abrir os Paióis onde estaria guardado um verdadeiro arsenal de guerra, mas Lemos terá desistido porque prometera à sua mãe mudar de vida — como declarou no processo.

Fechaduras ainda foi ouvido na fase de instrução do processo pelo juiz Carlos Alexandre, mas agora o coletivo presidido pelo juiz de julgamento Nelson Barra anda há meses a tentar notificá-lo sem sucesso. Até que o advogado de Fechaduras veio dizer ao processo que o seu cliente tinha emigrado, por ter encontrado um trabalho. A sua morada, no entanto, nunca foi facultada ao tribunal.

Tanto o tribunal como o Ministério Público e até alguns arguidos estão de acordo que sejam lidas em audiências as declarações que prestou perante Carlos Alexandre, mas a defesa do major Vasco Brazão, ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, “não acredita” que a PJ não consiga localizá-lo, como aliás já tinha sido solicitado pelo tribunal.

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Por isso o coletivo decidiu agora voltar a insistir com a PJ e chamar também a GNR e o SIS (Serviço de Informações de Segurança), naquela que chama “derradeira tentativa” de o localizar, segundo o despacho a que o Observador teve acesso. E pede-lhes que forneçam todas as moradas e localizações que possam ter desta testemunha.

Se PSP, PJ, GNR e SIS não trouxerem nada de novo, o tribunal desistirá de ouvir pessoalmente Fechaduras e vai ouvir as suas declarações na fase de instrução.

Super Polícia Helena Fazenda chamada a testemunhar no processo

O tribunal de Santarém decidiu também ouvir a Secretária Geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, que deverá testemunhar já esta terça-feira, pelas 14h00.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso Tancos, Helena Fazenda afirmou que à data a informação do assalto a Tancos não foi partilhada pelo Exército com a Unidade de Coordenação Antiterrorismo (UCAT), que está sob a tutela do sistema de segurança interna. E que embora nunca se tenha desvalorizado o perigo do assalto, tal não alterou o nível de alerta em Portugal. O tribunal entende que a procuradora deve explicar em audiência quando soube do crime e o que foi feito de seguida.

O julgamento tem 23 arguidos, entre eles o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e a cúpula da Polícia Judiciária Militar, acusada de ter ocultado da Polícia Judiciária civil como chegaram à recuperação das armas furtadas dos Paióis Nacionais de Tancos.