Este artigo é da responsabilidade de Microsoft Portugal.
Por Abel Aguiar, Diretor Executivo para Canal e Parceiros da Microsoft Portugal.
A capacitação digital é reconhecida como uma peça fulcral no desenvolvimento económico e pessoal de Portugal. A análise do Índice de Digitalidade da Economia e Sociedade de 2020 (IDES/DESI publicado pela Comissão Europeia) coloca Portugal em 19º lugar em 28 países da UE e mostra que a dimensão em que estamos mais longe da média europeia é no Capital humano, em que nos encontramos em 21º, ainda que com uma melhoria face ao 23º de 2019.
Um olhar mais profundo à dimensão de Capital Humano torna evidente que as nossas maiores áreas de melhoria se centram na percentagem de pessoas com nível elementar mínimo de competências digitais e em matéria de software, ambas com 6 pontos percentuais de distância à média europeia, e também a percentagem de especialistas em TIC, de mulheres especialistas em TIC e de licenciados em TIC, com valores próximos de metade da média europeia. É importante salientar que esta é a nossa realidade, apesar de termos melhorado em todos os indicadores.
Estas melhorias resultam do lançamento de um conjunto de programas que mostram uma consciência cada vez maior sobre a importância desta matéria. Destaco programas como o INCoDe 2030 (iniciativa nacional para melhorar as competências digitais), o alargamento da iniciativa Comunidades Criativas para a Inclusão Digital a mais domínios, o lançamento do Quadro Dinâmico de Referência de Competência Digital na área da educação e diversos programas de formação promovidos pelo Estado ou por empresas privadas, a par de diversos programas abrangentes da população, como o Movimento de Utilização Digital Ativa (MUDA).
A Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital, emitida no dia 17 de Maio de 2021, vem novamente realçar a importância do tema quando consagra um artigo específico, o 11º, ao Direito de desenvolvimento de competências digitais.
Todas estas iniciativas são meritórias e caminham no sentido certo, independentemente da maior ou menor eficácia – a questão é que é preciso maior celeridade na resolução!
A maior celeridade deriva, não só de termos um problema de falta de competências face às necessidades, mas também porque muitas das nossas apostas enquanto economia são baseadas em tecnologia, destacando-se sermos destino de excelência de start-ups e scaleups de base tecnológica, bem como de centros de competência e serviço de empresas multinacionais em modelo nearshoring. Para agudizar a situação, a aceleração da transformação digital provocada pela pandemia só nos veio retirar tempo de reação.
Um estudo feito pela Microsoft com o Linkedin, pré-pandemia, mostrava que Portugal iria gerar quase meio milhão de empregos, até 2025, assentes em competências digitais, destacando-se o desenvolvimento de software, inteligência artificial, machine learning e analítica, cloud e dados, cibersegurança e privacidade. Pós-pandemia, parece evidente que o número será maior e chegará mais cedo.
Outra consequência da pandemia será o aumento da população desempregada, especialmente nas camadas com menores competências, que ficaram de alguma forma redundantes pela aceleração da transformação digital. Mas a redundância não significa a inevitabilidade do desemprego, apenas significa que temos uma desadequação das competências da população ativa disponível versus as necessidades de emprego das organizações no mercado.
Programas como o Tech Visa ou o aumento das vagas de formação tecnológica, em universidades e politécnicos, contribuem para aumentar a oferta de profissionais com competências digitais, mas não resolve o problema da população ativa que ficou desempregada ou em situação de subemprego.
A resolução passa forçosamente pelo reskilling ou requalificação destes profissionais através da infusão de competências digitais alinhadas com as necessidades imediatas do mercado para maximizar a empregabilidade.
É com este espírito que surge o Upskill, um programa que junta a Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos a várias empresas do setor das TIC em Portugal.
Através do programa Upskill, profissionais desempregados ou em subemprego acedem a aproximadamente 6 meses de formação em competências digitais, por exemplo em Cloud, ERP ou CRM, sendo esta formação remunerada através do apoio do Estado português. Finda esta formação, os colaboradores com aproveitamento são integrados nas empresas aderentes em estágios de 3 meses, em ambiente profissional, e no final são finalmente integrados nos quadros das empresas.
Sendo um programa em que as competências técnicas alvo, a localização geográfica e o número dos recursos são definido pelas empresas aderentes, maximiza-se o potencial de empregabilidade. Sendo remunerado com o apoio do estado nos primeiros 6 meses, reduz-se significativamente o risco/custo de oportunidade das pessoas desempregadas ou em subemprego.
A primeira edição do programa Upskill, está agora na fase de estágio. Depois de 25 ações de formação, foram colocados 400 profissionais nas empresas aderentes, em 6 localizações, a nível nacional. A segunda fase abrirá candidaturas na segunda metade do ano com mais vagas, diversas localizações e áreas de competências revistas de acordo com as necessidades de empregabilidade.
O programa conta atualmente com mais de duas dezenas de empresas aderentes que, para além de empregarem os candidatos, também colaboram ativamente na construção dos conteúdos formativos com a Academia e são parte integrante do processo de seleção. É da junção das empresas, Academia e Estado que nasce o valor do programa.
A Microsoft associou-se enquanto fundador do projeto Upskill porque acredita no talento e no potencial dos recursos portugueses e compreende a importância de requalificar profissionais para uma resposta rápida e eficaz a uma necessidade premente para o desenvolvimento da economia portuguesa.
É uma componente do programa de capacitação da Microsoft para Portugal, em que ativamos Portugal, independentemente da idade, experiência profissional, género ou orientação. Um programa inclusivo, que corporiza a missão da Microsoft de capacitar todas as pessoas e organizações no planeta para serem mais através do conhecimento.
Conheça o Programa Upskill aqui.
Saiba mais sobre o projeto Observador/Microsoft Portugal em “Mais digital, mais futuro”.