De um lado, Alexander Isak. Um portento técnico num corpo para o jogo físico que no espaço de uma cabine telefónica conseguiu ameaçar por duas vezes fazer uma chamada para o mundo a dizer que tinha vergado a Espanha. Do outro, Marek Hamsik. O homem da crista que perdeu pedalada desde que saiu do Nápoles (vendo com atenção até o próprio penteado parece que está mais baixo), que andou pela China, que se regenerou um pouco no Groningen mas que é tão artista da bola que marca bolas paradas de pé direito e pé esquerdo com a mesma qualidade como se estivesse a fazer pontaria com a mão. E eram apenas dois dos 22 titulares.

Era impossível um jogo entre Suécia e Eslováquia, que fizeram jogos conseguidos na estreia no Europeu (em contextos diferentes e com resultados também distintos), ter estes artistas e ser mau. A primeira parte foi. Em termos de qualidade foi má, no que toca ao ritmo muito má, em relação às oportunidades péssima. E foi isto, dos 45 minutos iniciais foi isto e apenas isto. De longe a pior primeira parte deste Europeu, altamente evitável para quem tenha dormido poucas horas e tivesse de ver um encontro com tão pouca intensidade das duas equipas.

Depois, apareceu Isak e continuou Hamsik na sombra. Resultado? Aos 77′, por obra e graça do sueco, o marcador funcionou mesmo e o eslovaco foi substituído sem pompa nem circunstância. Estava feito o resultado. Mais do que isso, até houve coisas para escrever e quase sempre com o nome do avançado de 21 anos com pais eritreus pelo meio: à exceção do grande cabeceamento de Augustinsson para um defesa ainda maior de Dúbravka (56′), foi Isak que viu Skriniar desviar para canto um remate perigo (62′), foi Isak de cabeceou a rasar a trave (70′), foi ele que deixou dois adversários perdidos com uma finta da esquerda para o meio com nova defesa do guarda-redes eslovaco (71′), foi ele que lançou Quaison no lance do penálti convertido por Forsberg (77′). Esta semana, o The Athletic fez um longo perfil sobre o jogador da Real Sociedad descrevendo-o como “O unicórnio do futebol moderno”. Uma bela descrição. E o “novo Ibrahimovic” está cada vez mais a fazer jus à alcunha.

O jogo a três toques

Para recordar

As coisas não andam fáceis para Berg, as coisas tornam-se fáceis para Isak: com a Suécia fiel ao seu 4x4x2 mais puro, o dianteiro de 34 anos do Krasnodar voltou a ter um jogo com poucas oportunidades por ser um elemento de último toque mas, em contrapartida, o avançado de 21 anos da Real Sociedad desbloqueou um encontro que parecia ter um nó cego no final dos 45 minutos iniciais. Não é por acaso que o seu nome está associado a vários clubes de topo da Premier League – o dianteiro que passou sem sucesso pelo B. Dortmund também por estar numa período de adaptação a um futebol de outro nível é um diamante em bruto com características invulgares que têm de facto as suas parecenças com aquilo que era Ibrahimovic quando jogava no Ajax, por exemplo.

Para esquecer

A primeira parte do jogo. Por culpa da Eslováquia, por culpa da Suécia, por culpa de todos: a prova teve de longe os piores 45 minutos, num ritmo demasiado lento, passivo, sem qualquer ponta de risco. Houve aqui uma parte estratégica de ambos os conjuntos, entrando com uma maior expectativa sobre o que jogo poderia oferecer do que propriamente em oferecer algo ao jogo, mas também muito demérito pela falta de oportunidades.

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